quarta-feira, 7 de março de 2012

A banalização dos Sacramentos


Por: FERNANDO LOPES
Arquidiocese de Cuiabá - MT
Coord.Pastoral da Catequese / Ministro Extraordinário da Palavra de Deus / Ministro Extraordinário da Comunhão Eucarística
Email: fernando9183@gmail.com


Quero expor toda minha tristeza e agonia que sinto a cada dia, quando observo que os sacramentos de Jesus se perdem no coração dos homens e da própria Igreja. 

Vou dizer algumas coisas sérias e talvez impactantes para alguns, mas estarei dizendo o que sinto e percebo com o dia-dia dos nossos sacramentos. E tenho certeza que o que vejo não é exclusividade dos meus olhos.

Durante todos esses anos de catequista, observo cada dia mais a banalização descarada dos Sacramentos Cristãos.  É um absurdo a forma que as pessoas encaram os Sacramentos, sem nenhum respeito, sem nenhum apresso, sem nenhuma sacralidade da qual deveria existir. E não é por falta de conhecimento, porque muitos conhecem e entendem os Sacramentos, mas mesmo assim o desrespeitam. Vamos pontuar cada um deles:

O Sacramento do Batismo
 é tratado mais como uma superstição do que um sacramento. Eu já ouvi dizer que “batizar é bom porque ajuda cair o umbigo da criança”. Sem contar as famílias que sem nenhum conhecimento convida padrinhos que são de outra religião para batizar seus filhos. É inadmissível coisas desse gênero, devemos entender também que é culpa da própria Igreja, culpa do Povo de Deus, de nós catequistas. O que nós estamos fazendo que não conseguimos explicar verdadeiramente o valor de um sacramento essencial para vida cristã?  Por que os padres não tiram um pouquinho do tempo da homilia para expor essas questões? Por que concordamos com coisas dessa natureza? Isso é algo que devemos refletir e agir de forma firme.

O Sacramento da Crisma é algo que durante muito tempo pareceu ser “facultativo”. Pois assim me disseram logo depois que fiz a primeira comunhão: “Ah, você faz crisma se quiser, se não quiser não precisa”. E nós sabemos que isso não é verdade. Nós entendemos e sabemos da importância do sacramento do Espírito Santo. E mais uma vez nos calamos, como se concordássemos com essa ideia. As pessoas só procuram a Crisma quando se vêem às vésperas de seu casamento porque a Igreja exigiu a crisma para casar. Aí é aquele corre-corre, aquele desespero para fazer catequese, quanto tempo demora, não dá pra fazer mais rápido, e assim vai se levando um sacramento de Deus “nas cochas”.

O Sacramento da Penitência
 é outro paradigma que existe dentro da Sociedade. Confessar-se é para beatas, pessoa normal não precisa confessar. Pra quê? Padre come arroz e feijão como eu, não preciso contar meus pecados pra ele. E assim se joga no lixo mais um presente que Deus nos deu. E digo mais, muita gente, mas muita gente dentro da Igreja pensa do mesmo jeito. Não fala, mas pensa. Ficamos com vergonha, não queremos nos expor, temos medo de que o padre conte para alguém e por isso protelamos, esperamos mais um tempo e deixamos de lado, enquanto isso nossa espiritualidade morre e o meu SER de catequistas, o meu SER de cristã também. Eu pergunto para você meu irmão catequista, há quanto tempo VOCÊ não se confessa?

 O Sacramento da Unção é o mais esquecido por todos. Se perguntarem para um grupo de pessoas quais são os sete sacramentos, a maioria irá esquecer do sacramento da unção. E por que se esquecerão desse sacramento? Porque ele é esquecido por nós católicos. Porque muita gente entende e ensina que esse sacramento é só para a hora da morte, por isso também é conhecido como “extrema unção”. E isso é um erro grave porque o sacramento da Unção também é um sacramento de Cura, assim como o da Penitência, nós devemos encara-lo como um remédio espiritual.  Man enquanto isso, nós vivemos doentes espiritualmente por aí e tentamos buscar solução em tantos lugares e não percebemos que a nossa cura está tão clara e viva neste sacramento.

O Sacramento do Matrimônio para mim é o segundo da lista dos mais banalizados pelo mundo. Se casa e se descasa numa facilidade e velocidade impressionante. Vemos na televisão, nos jornais, nas revistas, artistas trocando de parceiros, fazendo grandes celebrações de casamento, coisa linda, mas não há sacralidade nenhuma nessas uniões. É somente um grande “evento social”. Isso faz com que todos façam o mesmo e cada vez mais se casa nas Igrejas e cada vez mais se descasa nos tribunais e por quê? Porque os casais de hoje em dia não entendem o presente que Jesus nos dá por meio desse Sacramento. Não entendem a importância que tem o sacramento da família. E que a família é base para todo ser humano. E toda vez que se desfaz uma família é vitória do diabo que une todas as suas forças para acabar com a Graça na vida do homem. E assim o ser humano sem referência de família cresce perdido, sem referências e aí se torna alvo fácil para ser vítima do inimigo que usa pessoas como estas para ser instrumento de desgraça para si e para os outros, haja vista o que vimos esses dias no RJ. Isso é falta de família!

O Sacramento da Ordem é outro sacramento que sempre aparece na mídia ao mostrar casos de Pedofilia e faz com que isso se torne um “prato cheio” para opinião pública - ateia, anticatolicista, ceticista e secular – denegrir a imagem da Igreja Católica. Devemos pontuar algumas coisas que são importante em relação a isso: primeiro, em todas as atividades há bons profissionais e maus profissionais e o erro e o pecado são inerente ao ser humano.  Por isso, o erro de um sacerdote não é o fim do mundo. 

Segundo, a Igreja não obriga ninguém a ser padre. Isso passa por um processo de Vocação, de escolha, de livre-arbítrio, é por isso que um vocacionado ao sacerdócio passa em média 8 anos em um seminário estudando, se conhecendo, conhecendo as pessoas, conhecendo o trabalho que ele terá pela frente. O problema é que ainda assim, passam por esse processo pessoas que depois sacerdotes cometem esses erros. Infelizmente é compreensivo isso. Pense por exemplo em quantas pessoas você conhece que escolheram a faculdade errado e que por algum motivo hoje é um profissional frustrado ou abandonou a profissão e faz outra coisa. Isso também acontece com o sacerdócio, o problema é que quando um médico erra ele fere a sua imagem e quando um padre erra ele fere também a Imagem da Igreja. 

Devemos nós leigos, cuidar mais dos nossos padres, devemos nós também repudiar todo tipo de crítica ao sacerdote, principalmente dos evangélicos, mas também devemos repudiar toda atitude errada dos sacerdotes. Tenho certeza que você catequista conhece padres que deixaram o sacerdócio, eu conheço vários. Cada vez mais rezo para que possamos ter sacerdotes sempre mais santos para nos ajudar a nos levar ao céu.

E então vem o sacramento mais banalizado de todos, segundo a minha opinião, o Sacramento da Eucaristia. O mais banalizado em quantidade e em gravidade, por quê? Porque os primeiros a banalizar a Eucaristia somos nós, católicos, leigos, catequistas, que não nos damos conta da relevância espiritual que esse sacramento tem para nossas vidas. Nós precisamos entender que banalizar este sacramento é banalizar o próprio Cristo. 

Quantas vezes você já comungou em pecado mortal? Quantas vezes você comungou sem sentir preparado para isso? Quantos catequizandos ao fim do ano você viu comungando, mas você sabia que eles não estavam preparados para tal? Quantos padres cometem erros litúrgicos gravíssimos banalizando a Eucaristia.

Por exemplo, eu já vi padre fazer a consagração do pão e do vinho em uma celebração de casamento sem missa. Eu, quando acólito, já estive ao lado de padre bêbado celebrando a eucaristia.

Mas é importante deixar claro para quem não sabe, que ensina a Sagrada Teologia Cristã que os méritos do padre, ou seja, independente se o padre pecou antes da celebração, se está bêbado ou não, etc., o efeito do sacramento continua o mesmo. Pois os efeitos de todos os sacramentos valem a partir da ação celebrativa realizada na vida da pessoa que recebe. E a única diferença que vai haver entre a Eucaristia da minha igreja e da sua é a dedicação, o carinho e a sacralidade do padre em relação a Eucaristia. 

Mas deixemos o padre e pensemos em nós, pensemos na nossa relação com os sacramentos. Como estamos vivendo os sacramentos? Consigo enxergar Jesus neles, tenho usufruído com responsabilidade e amor os sete grandes presentes que Jesus nos deu por meio da Sua Igreja? 

Pense nisso!



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5 comentários:

  1. Olá, sou catequista de Crisma .Vc tem toda razão. REALMENTE, A CADA DIA MAIS NOS DAMOS CONTA DA BANALIZAÇÃO DOS SACRAMENTOS. Mas com relação ao sacramento da Eucaristia, que eu considero um dos mais banalizados de nossos tempos, tem muito a ver com a época em que vivemos. Os jovens de hoje são mais materialistas, pertencenm à geração do tudo "palpável e imediato". Não são mais aquele tipo de pessoas que basta o adulto dizer e eles acatam. Eu penso que tinha que mudar é maneira de se chegar ao catequizando. No nosso curso de formção, o seminarista falou sobre isso, mas tb não deu a solução. E depois, a própria igreja é responsável por essa banalização. Todo mistério e respeito que existia na Eucaristia foi aos poucos deixando de existir qdo ficou definido que não Seria necessário a confissão para pecados veniais. Já ouvi padres convocarem os fiéis à Eucaristia dominicalmente, mesmo sem confissão. Pq, uma celebração Eucarística sem participar da mesa da ceia do Senhor perde o seu valor.Tudo isso favorece a libertinagem em relação aos sacramentos . E também cortaram o jejum que existia antes de qualquer comunhão,isto há muito tempo, fazendo com que assim a Eucaristia perdesse aquela aura de respeito e santidade.Nós catequistas estamos habituados a ver crianças frequentarem a catequese apenas como um compromisso social, como vc mesma disse. Também quanto ao sacramento da penitência, tem o agravante das tais confissões comunitárias, que eu considero totalmente falho, além tb dessa questão de confiança no confessor. Muitas vezes é impossível ajoelhar-se perante um confessor diante de tantos absurdos que se vê pela mídia ou até testemunhamos.Como disse , sou catequista, vivencio minha fé e testemunho-a aos catequizandos. Agora estão em formação, mas depois terão seu senso crítico melhor delineado. E só Deus sabe quantos deles se lembrarão de nossos ensinamentos. Compreendo a sua revolta e lastimo juntamente com vc. Infelizmente esta é a situação de nossa igreja hoje, não só a católica, mas tb as evangélicas.

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    1. Nossa ! Fiquei surpreso e contente com vossa sinceridade, pois no que percebemos, hoje em dia é mais oculto palavras expressas assim com profundo sentimento catequético .
      Concluímos que a esperança e o ardor missionário sempre há de nos guiar e jamais desanimar, pois ELE depositou em ti ferramenta DELE a lapidação do tesouro DELE. ( povo de Deus )

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  2. Meu Deus, pior que é isso mesmo, obrigada pela postagem, Shenia.

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  3. ACHEI UM ABSURDO,MAS GOSTRIATE SABER ; QUEM É SEPARADO PODE DÁ CATEQUESE?

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