sábado, 31 de março de 2012

O que é Tríduo Pascal?

É o centro e o cume do Ano Litúrgico. Começa com a Missa da Ceia do Senhor, na noite da Quinta-Feira Santa, tem seu ponto alto na vigília Pascal e termina no entardecer do Domingo da ressurreição. Grosso modo, é a celebração daquilo que Jesus disse em seus anúncios da Paixão. Por exemplo: "Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles o condenaram à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo.E depois de três dias ele ressuscitara" (Marcos 10,33-34).

Fonte: Quaresma, Páscoa e Pentecostes
Pe. José Bortolini

sexta-feira, 30 de março de 2012

É possível reconstruir a "Semana Santa" de Jesus?


A reconstituição dos últimos dias de Jesus antes de sua morte tem diferenças de um evangelho para o outro. Tomando como base o evangelho de Marcos, temos: domingo, pela tarde: entrada em Jerusalém e saída para Betânia, onde passou a noite (11,1-11). Segunda-feira, saída de Betânia para Jerusalém, com fome, episódio da figueira sem frutos, expulsão dos comerciantes no Templo e saída da cidade á tardinha (11,12-19). Não se diz que tenha voltado a Betânia. Terça-feira: encontro com a figueira seca. Jesus entra em Jerusalém, caminha pelo Templo e as autoridades o enfrentam (11,20-14,2). Quarta-feira: em Betânia, na casa de Simão, uma mulher unge a cabeça de Jesus. Judas combina entregar o Mestre (14,3-11). Quinta-feira: á tarde, Jesus antecipa a Páscoa judaica e institui a Eucaristia. É preso e levado ao supremo tribunal dos Judeus (Sinédrio). O resto da noite é um mistério indecifrável. Sexta-feira: de manhã, Jesus diante de Pilatos, o governador romano, é condenado, caçoado e conduzido á morte. É crucificado ás 9 da manhã. Trevas ao meio-dia, morte ás 15 horas e sepultamento ao entardecer (capítulo 15). Sábado: expectativa das mulheres. Domingo de madrugada: as mulheres encontram o túmulo vazio, e um jovem lhes anuncia a ressurreição (16,1-8).

Fonte: Quaresma, Páscoa e Pentecostes
Pe. José Bortolini

quarta-feira, 28 de março de 2012

O que dizer da piedade popular (procissões etc.) na Semana Santa?

    A religiosidade popular criou uma série de atos de piedade ao longo da Semana Santa que não constam na Liturgia oficial. Por exemplo, as procissões. A liturgia prevê apenas a procissão do Domingo de Ramos (a pequena procissão com as Espécies Sagradas após a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa e a procissão com o Círio aceso na Vigília Pascal). Mas criaram-se outras, a do Bom Jesus dos Passos, a Procissão do Encontro, a Procissão do Senhor Morto, após a encenação da Paixão, a Caminhada do Silêncio, a Procissão da Ressurreição...Além de manifestações folclóricas, como a Malhação do Judas...
  Duas coisas parecem importantes: 1. O respeito pela piedade popular, encarnada na cultura de um povo e de um lugar. Num tempo em que o povo não entendia as cerimônias da Semana Santa e pouco participava, foram surgido expressões populares de piedade, de fé e de compaixão. 2. Insistência no essencial. O essencial é a Liturgia da Igreja. E, dentro de todo esse tempo, a Ressurreição é o grande farol que nos guia. Por tanto, não substituir o essencial pelo menos importante. Alguns atos deveriam ser evitados: Malhação do Judas, autoflagelação, crucifixão de pessoas.

Fonte: Quaresma, Páscoa e Pentecostes
Pe. José Bortolini.

terça-feira, 27 de março de 2012

Semana Santa

1- Porque essa semana é chamada de santa?


  Porque nela celebramos os momentos mais importantes da nossa salvação. São João resume desta forma: "Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele" (3,16-17). E também: " Antes da festa da Páscoa, Jesus sabia que tinha chegado a sua Hora. A hora de passar deste mundo para o Pai. Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim" (13,1).
Com sua entrega por nós, Jesus santificou essa semana, e nós a santificamos com nosso compromisso cristão.


 2-  O que acontece se a solenidade da Anunciação do Senhor cai na Semana Santa?


      Os dias da Semana Santa e a oitava da Páscoa são mais importantes que a solenidade da Anunciação do Senhor, normalmente celebrada dia 25 de março. Se esse dia coincidir com um domingo da Quaresma ou um dia da Semana Santa, a solenidade da Anunciação cederá o lugar, e será celebrada na segunda-feira depois do 2º Domingo da Páscoa.


3- O que celebramos no Domingo de Ramos?


    O Domingo de Ramos é o inicio da Semana Santa. Nesse dia comemoramos a entrada de Jesus em Jerusalém. Os 4 evangelhos narram esse episódio: Mateus 21,1-11; Marcos 11,1-11; Lucas 19,28-38 e João 12,12-16. A cor litúrgica desse dia é o vermelho.


4- Os ramos têm de ser de oliveira?


  Não. Mateus 21,9 e Marcos 11,8 falam simplesmente de galhos de árvores. Lucas 19,35 nem fala de ramos. João 12,13 fala de ramos de palmeira. Nenhum evangelista menciona a oliveira. Visto que nos arredores de Jerusalém havia ( e há ) muitas oliveiras (Monte das Oliveiras), é provável que o povo tivesse colhido também ramos de oliveira.


5- O que fazer com os ramos bentos?


   É mais fácil dizer o que não se deve fazer. Os ramos bentos não são amuletos, talismãs ou qualquer coisa mágica. São um sinal do amor infinito de Jesus por nós e, ao mesmo tempo, um sinal de nosso compromisso com ele. Há pessoas que queimam os ramos para afastar o mal das casas (tempestade...). Será que eles se prestam para isso?


Fonte: Quaresma, Páscoa e Pentecostes
           Pe. José Bortolini
   

segunda-feira, 26 de março de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012 - parte VI

 - «Para nos estimularmos ao amor e às boas obras»:

caminhar juntos na santidade.
Esta afirmação da Carta aos Hebreus (10, 24) impele-nos a considerar a vocação universal à santidade como o caminho constante na vida espiritual, a aspirar aos carismas mais elevados e a um amor cada vez mais alto e fecundo (cf. 1 Cor 12, 31 – 13, 13). A atenção recíproca tem como finalidade estimular-se, mutuamente, a um amor efectivo sempre maior, «como a luz da aurora, que cresce até ao romper do dia» (Prov 4, 18), à espera de viver o dia sem ocaso em Deus. O tempo, que nos é concedido na nossa vida, é precioso para descobrir e realizar as boas obras, no amor de Deus. Assim a própria Igreja cresce e se desenvolve para chegar à plena maturidade de Cristo (cf.Ef 4, 13). É nesta perspectiva dinâmica de crescimento que se situa a nossa exortação a estimular-nos reciprocamente para chegar à plenitude do amor e das boas obras.
Infelizmente, está sempre presente a tentação da tibieza, de sufocar o Espírito, da recusa de «pôr a render os talentos» que nos foram dados para bem nosso e dos outros (cf. Mt 25, 24-28). Todos recebemos riquezas espirituais ou materiais úteis para a realização do plano divino, para o bem da Igreja e para a nossa salvação pessoal (cf. Lc 12, 21; 1 Tm 6, 18). Os mestres espirituais lembram que, na vida de fé, quem não avança, recua. Queridos irmãos e irmãs, acolhamos o convite, sempre actual, para tendermos à «medida alta da vida cristã» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte, 31). A Igreja, na sua sabedoria, ao reconhecer e proclamar a bem-aventurança e a santidade de alguns cristãos exemplares, tem como finalidade também suscitar o desejo de imitar as suas virtudes. São Paulo exorta: «Adiantai-vos uns aos outros na mútua estima» (Rm 12, 10).
Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas (cf. Heb 6, 10). Este apelo ressoa particularmente forte neste tempo santo de preparação para a Páscoa. Com votos de uma Quaresma santa e fecunda, confio-vos à intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria e, de coração, concedo a todos a Bênção Apostólica.
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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2012


Parte V -  «Uns aos outros»: o dom da reciprocidade. 


O facto de sermos o «guarda» dos outros contrasta com uma mentalidade que, reduzindo a vida unicamente à dimensão terrena, deixa de a considerar na sua perspectiva escatológica e aceita qualquer opção moral em nome da liberdade individual. Uma sociedade como a actual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida. Não deve ser assim na comunidade cristã! O apóstolo Paulo convida a procurar o que «leva à paz e à edificação mútua» (Rm 14, 19), favorecendo o «próximo no bem, em ordem à construção da comunidade» (Rm 15, 2), sem buscar «o próprio interesse, mas o do maior número, a fim de que eles sejam salvos» (1 Cor 10, 33). Esta recíproca correcção e exortação, em espírito de humildade e de amor, deve fazer parte da vida da comunidade cristã.
Os discípulos do Senhor, unidos a Cristo através da Eucaristia, vivem numa comunhão que os liga uns aos outros como membros de um só corpo. Isto significa que o outro me pertence: a sua vida, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Tocamos aqui um elemento muito profundo da comunhão: a nossa existência está ligada com a dos outros, quer no bem quer no mal; tanto o pecado como as obras de amor possuem também uma dimensão social. Na Igreja, corpo místico de Cristo, verifica-se esta reciprocidade: a comunidade não cessa de fazer penitência e implorar perdão para os pecados dos seus filhos, mas alegra-se contínua e jubilosamente também com os testemunhos de virtude e de amor que nela se manifestam. Que «os membros tenham a mesma solicitude uns para com os outros» (1 Cor 12, 25) – afirma São Paulo –, porque somos um e o mesmo corpo. O amor pelos irmãos, do qual é expressão a esmola – típica prática quaresmal, juntamente com a oração e o jejum – radica-se nesta pertença comum. Também com a preocupação concreta pelos mais pobres, pode cada cristão expressar a sua participação no único corpo que é a Igreja. E é também atenção aos outros na reciprocidade saber reconhecer o bem que o Senhor faz neles e agradecer com eles pelos prodígios da graça que Deus, bom e omnipotente, continua a realizar nos seus filhos. Quando um cristão vislumbra no outro a acção do Espírito Santo, não pode deixar de se alegrar e dar glória ao Pai celeste (cf. Mt 5, 16).



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domingo, 25 de março de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI enviada em 03/ 11 / 2011 PARA A QUARESMA DE 2012


Parte IV  o fato de «prestar atenção»   ao irmão inclui igualmente, a solicitude pelo seu bem espiritual. E aqui desejo recordar um aspecto da vida cristã que me parece esquecido: a correcção fraterna, tendo em vista a salvação eterna. De forma geral, hoje é-se muito sensível ao tema do cuidado e do amor que visa o bem físico e material dos outros, mas quase não se fala da responsabilidade espiritual pelos irmãos. Na Igreja dos primeiros tempos não era assim, como não o é nas comunidades verdadeiramente maduras na fé, nas quais se tem a peito não só a saúde corporal do irmão, mas também a da sua alma tendo em vista o seu destino derradeiro. Lemos na Sagrada Escritura: «Repreende o sábio e ele te amará. Dá conselhos ao sábio e ele tornar-se-á ainda mais sábio, ensina o justo e ele aumentará o seu saber» (Prov 9, 8-9). O próprio Cristo manda repreender o irmão que cometeu um pecado (cf. Mt 18, 15). O verbo usado para exprimir a correcção fraterna – elenchein – é o mesmo que indica a missão profética, própria dos cristãos, de denunciar uma geração que se faz condescendente com o mal (cf. Ef 5, 11). A tradição da Igreja enumera entre as obras espirituais de misericórdia a de «corrigir os que erram». É importante recuperar esta dimensão do amor cristão. Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem. Entretanto a advertência cristã nunca há-de ser animada por espírito de condenação ou censura; é sempre movida pelo amor e a misericórdia e brota duma verdadeira solicitude pelo bem do irmão. Diz o apóstolo Paulo: «Se porventura um homem for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi essa pessoa com espírito de mansidão, e tu olha para ti próprio, não estejas também tu a ser tentado» (Gl 6, 1). Neste nosso mundo impregnado de individualismo, é necessário redescobrir a importância da correcção fraterna, para caminharmos juntos para a santidade. É que «sete vezes cai o justo» (Prov 24, 16) – diz a Escritura –, e todos nós somos frágeis e imperfeitos (cf. 1 Jo 1, 8). Por isso, é um grande serviço ajudar, e deixar-se ajudar, a ler com verdade dentro de si mesmo, para melhorar a própria vida e seguir mais rectamente o caminho do Senhor. Há sempre necessidade de um olhar que ama e corrige, que conhece e reconhece, que discerne e perdoa (cf. Lc 22, 61), como fez, e faz, Deus com cada um de nós. 



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sábado, 24 de março de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI enviada em 03/ 11 / 2011 PARA A QUARESMA DE 2012


Parte III A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem» (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de «anestesia espiritual», que nos torna cegos aos sofrimentos alheios. O evangelista Lucas narra duas parábolas de Jesus, nas quais são indicados dois exemplos desta situação que se pode criar no coração do homem. Na parábola do bom Samaritano, o sacerdote e o levita, com indiferença, «passam ao largo» do homem assaltado e espancado pelos salteadores (cf. Lc 10, 30-32), e, na do rico avarento, um homem saciado de bens não se dá conta da condição do pobre Lázaro que morre de fome à sua porta (cf. Lc 16, 19). Em ambos os casos, deparamo-nos com o contrário de «prestar atenção», de olhar com amor e compaixão. O que é que impede este olhar feito de humanidade e de carinho pelo irmão? Com frequência, é a riqueza material e a saciedade, mas pode ser também o antepor a tudo os nossos interesses e preocupações próprias. Sempre devemos ser capazes de «ter misericórdia» por quem sofre; o nosso coração nunca deve estar tão absorvido pelas nossas coisas e problemas que fique surdo ao brado do pobre. Diversamente, a humildade de coração e a experiência pessoal do sofrimento podem, precisamente, revelar-se fonte de um despertar interior para a compaixão e a empatia: «O justo conhece a causa dos pobres, porém o ímpio não o compreende» (Prov 29, 7). Deste modo entende-se a bem-aventurança «dos que choram» (Mt 5, 4), isto é, de quantos são capazes de sair de si mesmos porque se comoveram com o sofrimento alheio. O encontro com o outro e a abertura do coração às suas necessidades são ocasião de salvação e de bem-aventurança.

sexta-feira, 23 de março de 2012

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE PAPA BENTO XVI enviada em 03/ 11 / 2011 PARA A QUARESMA DE 2012 «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (Heb 10, 24)


Parte II  «Prestemos atenção»: a responsabilidade pelo irmão.
O primeiro elemento é o convite a «prestar atenção»: o verbo grego usado é katanoein, que significa observar bem, estar atento, olhar conscienciosamente, dar-se conta de uma realidade. Encontramo-lo no Evangelho, quando Jesus convida os discípulos a «observar» as aves do céu, que não se preocupam com o alimento e todavia são objecto de solícita e cuidadosa Providência divina (cf. Lc 12, 24), e a «dar-se conta» da trave que têm na própria vista antes de reparar no argueiro que está na vista do irmão (cf. Lc 6, 41). Encontramos o referido verbo também noutro trecho da mesma Carta aos Hebreus, quando convida a «considerar Jesus» (3, 1) como o Apóstolo e o Sumo Sacerdote da nossa fé. Por conseguinte o verbo, que aparece na abertura da nossa exortação, convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela «esfera privada». Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o «guarda» dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem. O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o facto de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão. O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo actual sofre sobretudo de falta de fraternidade: «O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo» (Carta enc. Populorum progressio, 66).



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MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
PAPA BENTO XVI enviada em                 03/ 11 / 2011
PARA A QUARESMA DE 201
«Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos
ao amor e às boas obras» (
Heb 10, 24)
Parte  I
Irmãos e irmãs!
A Quaresma oferece-nos a oportunidade de reflectir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: «Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras» (10, 24). Esta frase aparece inserida numa passagem onde o escritor sagrado exorta a ter confiança em Jesus Cristo como Sumo Sacerdote, que nos obteve o perdão e o acesso a Deus. O fruto do acolhimento de Cristo é uma vida edificada segundo as três virtudes teologais: trata-se de nos aproximarmos do Senhor «com um coração sincero, com a plena segurança da » (v. 22), de conservarmos firmemente «a profissão da nossa esperança» (v. 23), numa solicitude constante por praticar, juntamente com os irmãos, «o amor e as boas obras» (v. 24). Na passagem em questão afirma-se também que é importante, para apoiar esta conduta evangélica, participar nos encontros litúrgicos e na oração da comunidade, com os olhos fixos na meta escatológica: a plena comunhão em Deus (v. 25). Detenho-me no versículo 24, que, em poucas palavras, oferece um ensinamento precioso e sempre actual sobre três aspectos da vida cristã: prestar atenção ao outro, a reciprocidade e a santidade pessoal.


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O que é Via Sacra ? Quando surgiu ?


Na Quaresma e Sexta -Feira Santa costuma-se fazer  a Via Sacra.
CAMINHO SAGRADO, é o significado da palavra. ( o caminho de Jesus até a morte de cruz ). Um ato de piedade, muitas vezes em forma de caminhada - no qual se reza e se medita sobre 14  episódios              ( estações ) da Sexta Feira Santa, desde a condenação à morte até o sepultamento de Jesus.
Há vários formulários de Via Sacra, e ultimamente - com  muita razão - acrescentou-se a 15º estação  - a ressurreição de Jesus, pois a morte não o venceu e muito mesmo o derrotou. 
Várias estações desse *CAMINHO SAGRADO * ,  não são tiradas dos evangelhos (  por exemplo, as três quedas de Jesus, a Verônica enxugando o rosto do SENHOR  etc ... ). Em que pese a tradição, seria interessante que todas as 15 estações tivessem base bíblica.
A prática de percorrer esse  * CAMINHO SAGRADO *  é antiga . Fala-se dela no século IV e, pelo que tudo indica, nasceu em Jerusalém. A partir do século XVII, as estações foram fixadas em 14.,

fonte : Quaresma, Páscoa e Pentecostes
Pe. José Bortolini

quarta-feira, 21 de março de 2012

O que é o Ciclo da Páscoa?


É a etapa do Ano Litúrgico que vai da Quaresma à festa de Pentecostes. São as 5 semanas da Quaresma, a Semana Santa, as 7 semanas da Páscoa e a solenidade de Pentecostes. No Brasil, no 7º domingo da Páscoa celebramos a solenidade da Ascensão do Senhor. Nos Atos dos Apóstolos (1,3) se diz que Jesus ressuscitado ficou 40 dias com os discípulos, e depois subiu ao céu. Se levássemos a sério essa informação, a Ascensão cairia em dia de semana, numa quinta-feira.


Porque Pentecostes pertence ao Ciclo da Páscoa?


Porque não existe Páscoa sem Pentecostes, nem Pentecostes sem Páscoa. Jesus disse aos discípulos: "...Eu lhes digo a verdade: é melhor para vocês que eu vá embora, porque, se eu não for. o Advogado não virá para vocês. Mas se eu for, eu o enviarei" (João 16,7). Para o evangelista João, no mesmo dia da Páscoa Jesus comunica o Espírito Santo aos discípulos (20,19-23), sinal de que não podemos separar Páscoa de Pentecostes. Aliás, Pentecostes é a coroa da Páscoa.


Porque a Páscoa muda de data a cada ano?


A solenidade da Páscoa não cai sempre na mesma data, e isso provoca mudança de data em outras ocorrências litúrgicas ( Cinzas, Ascensão, Pentecostes, Ssma. Trindade, Corpus Christi...) e civis (carnaval). No hemisfério Norte, 21 de março é o início da primavera (para nós é o início do outono). Na Europa, a Páscoa cai sempre no domingo após a 1º lua cheia da primavera. Para nós, no domingo após a 1º lua cheia de outono. Dito de outra forma: a Páscoa acontece sempre no domingo seguinte à lua cheia de março.
Algumas datas da Páscoa: 2006: 16 de abril; 2007: 8 de abril; 2008: 23 de março; 2009: 12 de abril; 2010: 4 de abril.

Fonte: Quaresma, Páscoa e Pentecostes
Pe. José Bortolini

terça-feira, 20 de março de 2012

Quem está obrigado a se confessar?

Segundo o mandamento da Igreja, todo fiel que tenha atingido a idade da discrição, está obrigado a confessar fielmente os pecados graves, ao menos uma vez ao ano. Aquele que tem consciência de haver cometido um pecado mortal, não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que tenha uma grande contrição, sem ter previamente recebido a absolvição sacramental; a não ser que tenha um motivo grave para comungar e não lhe seja possível encontrar-se com um confessor.

Não podemos nos descurar na confissão das faltas quotidianas (pecados veniais), vivamente recomendada pela Igreja. A confissão regular dos nossos pecados veniais ajuda-nos a formar a nossa consciência, a lutar contra as más inclinações, a deixarmo-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo com maior frequência neste sacramento o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele.

Como se confessar?

Após um meticuloso exame de consciência para a confissão, por meio da oração e do exame de consciência, o fiel aguarda pacientemente a sua vez, invocando para si e para o próximo a luz do Espírito Santo e a graça de uma conversão radical. Aproximando-se do sacerdote no confessionário, ele faz o sinal-da-cruz e deve iniciar a confissão dizendo: "Padre, dai-me a vossa bênção, porque pequei". Em seguida, com a maior precisão possível, diz o tempo transcorrido desde a última confissão, seu estado de vida (celibatário, casado, viúvo, estudante, consagrado, noivo ou namorado...) e se cumpriu a penitência recebida da última confissão. Pode ainda levar ao conhecimento do confessor os acontecimentos nos quais se sentiu particularmente perto de Deus, os progressos feitos na vida espiritual. Segue-se a confissão dos pecados, com simplicidade e humildade, expondo os fatos que são transgressões da lei de Deus e que mais intensamente pesam na consciência.

Primeiro, são confessados os pecados graves ou mortais, conforme sua espécie e número, sem perder-se em detalhes e sem diminuir a própria responsabilidade. Para se obter um aumento da graça e força no caminho de imitação de Cristo, confessam-se também os pecados veniais. Depois, dispõe-se a acolher os conselhos e advertências do confessor aceitando a penitência proposta. O penitente reza o ato de contrição e o sacerdote pronuncia a fórmula da absolvição. Ele despede-se do sacerdote respondendo à sua saudação: "Demos graças a Deus", e então permanece um pouco na Igreja agradecendo ao Senhor.

Torna-se oportuno, ainda, lembrarmo-nos o ato de contrição: “Meu Deus, tenho muita pena de ter pecado, pois ofendi a Vós e mereci ser castigado. Meu Pai e Salvador, perdoai-me, não quero mais pecar. Amém.”

A confissão é importante não só na quaresma, ou na Semana Santa, mas durante todo o ano, porque ela é justamente o sacramento que nos reconcilia e tem o poder curativo em nós, quando descobrimos que a cada confissão a gente se propõe a uma mudança. Ela é curativa e faz crescer. Sempre que você se restaura de um erro, de uma fragilidade, também se projeta para crescer, a partir daquilo.

De forma muito especial, na Semana Santa, a confissão é fundamental, porque é um tempo específico de conversão. Na verdade, a confissão é uma mola propulsora da conversão, da renovação, da páscoa, que é passagem do pecado para a vida da graça.

Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário judicial da Arquidiocese de Juiz de Fora e presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano 

segunda-feira, 19 de março de 2012



Por que se confessar na Semana Santa?


Queremos, no início da Semana Santa, apresentar um itinerário teológico acerca do Sacramento da Penitência. Diz o Catecismo da Igreja Católica, no seu número 1422, que “aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão”.

O Sacramento da Penitência é o sacramento da conversão profunda, porque realiza, de maneira sacramental, o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, do qual o pecador se afasta pelo pecado. Pode, também, ser chamado de Sacramento da Confissão, porque o penitente reconhece diante do sacerdote ser pecador e confessa os seus pecados, reconhecendo o delito e pedindo a santidade de Deus e a sua infinita misericórdia pelo perdão de seus pecados. Pode, ainda, ser chamado de Sacramento do Perdão, porque pela absolvição sacramental do sacerdote o penitente recebe da parte de Deus e da Igreja o perdão e a paz. Por fim, é chamado de Sacramento da Reconciliação, porque no ato de se confessar o pecador recebe o amor generoso do Pai e reconcilia-se com Deus, com a comunidade e com os irmãos.

Aproximar-se do confessionário, depois de um acurado exame de consciência, é viver o apelo de Jesus à conversão e à penitência. Sim, uma conversão profunda de dentro para fora, do coração. O Catecismo da Igreja Católica no seu número 1432 ensina que “o coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: ‘Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos’ (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d'Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram”.

No tempo em que freqüentávamos a catequese paroquial, aprendemos que o pecado é, acima de tudo, uma grave ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele e com a Igreja. Sabemos, também, que só Deus perdoa os pecados. Mas Jesus concedeu aos seus discípulos e à Igreja a graça de perdoar os pecados e de não perdoá-los. Por isso, Jesus Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes para aqueles que, depois do Batismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial e comunitária. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converterem e de reencontrarem a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça.

Por isso, o fiel, ciente de que deve se confessar pelo menos uma vez por ano pela Páscoa da salvação, ao receber a absolvição deve ficar atento à fórmula da absolvição, quando o presbítero diz que o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão e que Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja.

O fiel que se aproxima da confissão deve acusar ao sacerdote os seus pecados, para se libertar deles e facilitar a sua reconciliação com os outros. Por isso, é fundamental que o fiel enumere todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos dos Dez Mandamentos de Deus; porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos.
Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário judicial da Arquidiocese de Juiz de Fora e presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano
http://www.catequisar.com.br 

sexta-feira, 16 de março de 2012

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ - Conclusão


"Completai a minha alegria, deixando-vos guiar pelos mesmos propósitos e pelo mesmo amor, em harmonia buscando a unidade" (Fl 2,2).


Propomos aqui um horizonte para orientar a caminhada, pois não é um projeto fechado, para ser seguido ao pé da letra em todas as situações. Por isso falamos em catequese de inspiração catecumenal. Haverá necessidades de adaptações, soluções locais criativas, maneiras de conviver com eventuais carências.  
É bom lembrar que nossa catequese tem conquistas importantes que devem ser valorizadas, conservadas e aprofundadas. O novo que está sendo proposto não invalida o que temos e é bom, antes se enriquece com a que já existe e pode favorecer o processo.  
Por isso, queremos ser discípulos, não somente gente que faz “cursinho”. Discípulo não é simplesmente uma pessoa que aprende. Ele se encanta pelo Mestre, quer seguí-lo na originalidade de sua própria vida, acolhe na mente e no coração um novo jeito de tomar decisões, de compreender a realidade, de orientar suas forças criativas.  


quinta-feira, 15 de março de 2012

V – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – COM QUEM CONTAMOS? ONDE?

Os participantes do processo de Iniciação à Vida Cristã devem ser vistos como interlocutores e não simples destinatários. Eles têm direito a catequistas competentes e testemunhas do Reino, bem como a todo apoio da comunidade eclesial que com eles trabalhem num processo participativo.  
Diante disso é fundamental um cuidado especial na preparação e acompanhamento destes evangelizadores. Para isso se recomenda que a própria formação desses responsáveis seja no estilo catecumenal, possibilitando a eles viverem a Iniciação à Vida Cristã. Apenas a formação inicial não é suficiente, pois o compromisso que assumem é exigente e requer que assumam com afinco.  
O RICA tem importantes orientações sobre os agentes responsáveis pela Iniciação (cf RICA, n. 41-48). Algumas propostas são oferecidas, especialmente no referente aos vários agentes.  

Os introdutores: São aquelas pessoas que, através do entusiasmo e exemplo, ajuda o iniciando a encantar-se por Jesus Cristo, pessoa, mensagem e missão.  

Os padrinhos e madrinhas: são aquelas pessoas que ajuda o catecúmeno a viver o Evangelho, auxilia em suas dúvidas e inquietações, vela pela oração e a participação na vida da comunidade, no compromisso com a construção do Reino de Deus.  

A família: os pais são, pela força do sacramento do Matrimônio, os primeiros educadores de seus filhos na fé, na esperança e no amor. Assim, ao gerar e educar seus filhos, as famílias são cooperadoras privilegiadas de Deus Pai e Criador, de Deus Filho e Salvador e de Deus Espírito Santo santificador. Mas sabemos que são muitas e variadas as situações das famílias no mundo de hoje. Daí é importante na Igreja uma bem articulada e dinâmica pastoral familiar, não isolada, mas em profunda comunhão com as demais pastorais.  

Os catequistas: são os mediadores que ajudam os catecúmenos a acolherem a gradual e progressiva revelação do Deus amor e de seu projeto salvífico. Eles têm a missão de auxiliarem cada catequizando para seu encontro pessoal com o Senhor.  

A comunidade: lugar onde o iniciante À vida cristã sinta-se bem e descubra nela o exemplo concreto do tipo de vida com o qual ele quer se comprometer.  

O Bispo: como primeiro responsável pela Igreja particular ele é o catequista por excelência e deve ter a catequese, segundo diz Catechesi Tradendae, como a prioridade das prioridades. Cabe-lhe, portanto, um zelo especial para com o processo de Iniciação à Vida Cristã e todas as iniciativas de formação continuada em sua diocese.  

Presbíteros e diáconos: devem ser homens disponíveis especialmente aos que se mostram hesitantes e inquietos. Cabe-lhes aprovar a escolha dos introdutores, dos padrinhos e cuidar da formação dos mesmos. É função do presbítero zelar pela adequada formação dos responsáveis pelos quatro tempo da Iniciação e garantir que as celebrações e ritos das três etapas sejam segundo as normas da Igreja.  

Lugares da Iniciação à Vida Cristã. Os ritos devem acontecer em lugares adequados. O mais importante é que a Igreja particular assuma sua responsabilidade de ser o espaço eclesial de testemunho e evangelização por excelência.  

quarta-feira, 14 de março de 2012

IV – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – PARA QUEM?

A mulher samaritana disse então a Jesus: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água” (Jo 4,15). A samaritana faz um pedido a Jesus no meio de uma conversa em que ambos ouviram e foram ouvidos. Ela se sente capaz de falar e, falando e sendo ouvida, permite que Jesus responda de acordo com a sua necessidade. Esse falar e ouvir foram muito importantes para ela. Ajudaram esclarecer duvidas e descobrir que Jesus era o Messias.

Por isso, inspirados pela ação de Jesus, consideremos os iniciantes como interlocutores e não como meros destinatários no processo de iniciação à vida cristã.

Jesus se aproxima da Samaritana pedindo água. Dar água era sinal de acolhida, hospitalidade, solidariedade. Em troca dessa hospitalidade, Jesus oferece sua própria água. Ao falar do dom de Deus, de água viva que Ele é capaz de dar, Jesus instiga a curiosidade da mulher. Ainda não reconhece o dom de Deus em Cristo. Ela não conhece outra água a não ser a daquele poço e pensa que se há de tirá-la com esforço humano. Não está acostumada à idéia da gratuidade e nem conhece o amor de Deus. Ela conhece o dom de Jacó, de quem aquele poço tornava presente a memória.

Diversas são as motivações dos que procuram a Igreja; saudades do Deus da sua infância; busca de significado para sua vida; impacto provocado por alguma situação difícil; necessidade de cura ou consolo. Nem sempre estão buscando um processo mais completo de iniciação.

Muitos buscam os sacramentos para si ou para seus filhos, sem motivações tão claras; freqüentam as missas ou outras práticas de devoção tendo em vista alcançar graças. Buscam a água que não mata a sede, pois ainda não conhecem a Água Viva.

Para que acontece a conversão e o novo jeito de seguir o Mestre é preciso mudar a linguagem que nem sempre tem sido adequada, são pouco significativas para a cultura atual e em particular para os jovens. Para que a linguagem seja adequada. É preciso que a proposta que vai ser apresentada ao interlocutor tenha a resposta à sede que ele experimenta com mais intensidade.

Também cada um tem que ser considerado na sua realidade humana. No diálogo com a Samaritana, Jesus sonda seu coração, sua vida, sua mente, sua fé. Revela que a vida, a história, as experiências, os sentimentos, os sonhos, os projetos, os medos das pessoas devem ser consideradas, escutadas e valorizadas.

O povo que a Igreja tem a missão de acolher e servir é uma multidão, com rostos variados que precisam ser reconhecidos, identificados, personalizados. Destes, muitos procurarão na Igreja uma resposta para suas buscas. Outros convivem com sua sede sozinhos, ou vão à procura de outra água, em outras fontes, ou ainda, contagiados pela cultura atual, não se dão conta de que têm sede.

Considerando as várias situações em que se encontram as pessoas a serem atendidas nos processos de iniciação, temos entre outros grupos: adultos e jovens não batizados; adultos e jovens batizados que desejam completar a iniciação cristã; adultos e jovens com prática religiosa, mas insuficientemente evangelizados; pessoas de várias idades marcadas por um contexto desumano ou problemático; grupos específicos, em situações variadas; casais em situação matrimonial irregular; adolescentes e jovens; crianças não batizadas inscritas na catequese; crianças e adolescentes batizados que seguem o processo tradicional de iniciação cristã.

terça-feira, 13 de março de 2012

Nova evangelização para a transmissão da fé cristã - parte II

As circunstâncias atuais, por certo, não favorecem a missão evangelizadora da Igreja. Diversos fatores desafiam a tradicional forma de transmitir a fé: entre outros, cenários culturais, filosóficos e religiosos mudados requerem métodos e iniciativas novas para continuar a evangelizar com fruto. Mais que tudo, são necessários evangelizadores renovados interiormente, conscientes dos desafios atuais e preparados para enfrentá-los com lucidez e coragem e, sobretudo, com renovada fé e confiança na eficácia do mandato missionário recebido de Cristo.

A fé é um dom inestimável de Deus aos homens; esta, porém, é despertada mediante mediações humanas, das quais Deus se serve livremente para infundir esse dom: nossa parte é o anúncio da Palavra de Deus através do querigma e da exposição do objeto da nossa fé pela pregação, a Catequese feita processo de iniciação à vida cristã, o testemunho de fé e vida cristã dos que já creem, o interesse em proporcionar oportunidades de encontro com Deus às pessoas – tudo isso faz parte daquilo que somos chamados a fazer para a transmissão da fé. A Igreja transmite aquilo que ela própria crê; falo da Igreja de maneira muito concreta, enquanto comunidade local e também como pessoas que formam a Igreja. É impressão difusa que nosso povo católico, em geral, não está bem iniciado na vida cristã e desconhece os conteúdos da fé. Como poderá transmitir a fé?! Ninguém dá o que não tem...

No 1º Domingo da Quaresma, a Igreja pediu a graça de “progredir no conhecimento de Jesus Cristo e de corresponder ao seu amor por uma vida santa”. Esta súplica retrata bem o que se faz necessário para todos os batizados: ter profunda comunhão e sintonia com Jesus Cristo e expressar isso através de uma vida coerente com a grande dignidade que recebemos no Batismo: em Jesus Cristo, somos feitos “filhos no Filho”.
Por Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB 
http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=6671 

segunda-feira, 12 de março de 2012

Nova evangelização para a transmissão da fé cristã - parte I

No dia 16 de fevereiro passado, reuniu-se, em Roma, o Conselho da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos para preparar a próxima Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos, de outubro deste ano. Como já é sabido, o tema escolhido pelo papa Bento 16 para o próximo Sínodo trata da “nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.

A Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos recolheu, no ano passado, contribuições das Conferências Episcopais do mundo todo e de outros organismos eclesiais, a partir de um primeiro esboço de texto para a elaboração do tema (“Lineamenta”); espera-se agora, para depois da Páscoa, a publicação do Instrumento de Trabalho, que será a referência para a preparação imediata e para os trabalhos do Sínodo, em outubro. O Papa nomeou o arcebispo de Washington, cardeal Donald William Wuerl, como relator geral do tema; e o arcebispo de Montpellier, dom Pierre-Marie Carré, foi nomeado secretário especial da 13ª Assembleia Sinodal.

O tema do próximo Sínodo refere-se a um desafio grave e muito atual da Igreja, que é a transmissão da sua fé. Em 2007, em Aparecida, essa mesma preocupação já esteve no centro das reflexões da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe e está bem retratada no importante Documento de Aparecida.
Naquela ocasião, a preocupação era a nova evangelização em nosso continente e a formação de “discípulos missionários de Jesus Cristo, para que, nele, nossos povos tenham vida”.

A questão posta agora, na próxima Assembleia Sinodal, leva a reflexão bem além disso: como enfrentar a situação sempre mais preocupante da falha na transmissão da fé e também o abandono e a perda da fé cristã? O patrimônio da fé herdado dos apóstolos e enriquecido mediante o testemunho de vida cristã e eclesial ao longo de 20 séculos representa o bem mais precioso da Igreja; e transmitir esse bem precioso ao mundo e às novas gerações é a suprema missão da Igreja. A indiferença em relação à fé, e até mesmo a perda da fé, da parte de muitos batizados, são fenômenos atuais e altamente preocupantes, que não nos podem deixar indiferentes.

Que fazer então? De várias maneiras, já foi dito que é necessário partir outra vez de Jesus Cristo, que é “o Evangelho de Deus para o mundo”. A Igreja tem nele sua origem, seu fundamento e sua referência permanente; ela está a serviço do Evangelho e da obra da redenção realizada por Deus em favor do mundo, por meio de Jesus Cristo. A Igreja toda, na pessoa de cada um dos batizados, precisa tomar nova consciência da preciosidade da sua fé e da missão recebida do Salvador: “vós sereis minhas testemunhas”. Não é tarefa que se possa passar, simplesmente, à responsabilidade de outros: todos precisam fazer a sua parte.



Por Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Presidente do Regional Sul 1 da CNBB
http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=6671

domingo, 11 de março de 2012

III – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. COMO?

“Eis o Cordeiro de Deus. Ouvindo essas palavras, os dois discípulos de João seguiram a Jesus (cf. Jo 1,36-37). Depois que sentou à mesa com eles, tomou o pão pronunciou a benção, partiu-o e deu-os a eles” (lc 24,30-31). Esse foi um encontro que transforma a vida.  
A vida dos primeiros discipulos mudou a partir do encontro com Jesus de Nazaré e seu mistério. Recriados pela fé na vitória da ressurreição e animados pelo dom do Espírito, tornaram-se para sempre participantes da sua vida, membros do seu corpo, celebrantes do seu mistério, testemunhas do seu Reino.  
Nossas Igrejas particulares de muitas formas têm convidado e conduzido ao caminho de Jesus. Sabem que o itinerário da iniciação cristã inclui sempre “o anúncio da Palavra do evangelho, que implica a conversão, a profissão de fé, o Batismo, a efusão do Espírito Santo, o acesso Pa comunhão eucarística” (CIC n. 1229).  
Uma herança eclesial e protótipo de caminho que conduz à vida cristã é o catecumenato batismal. Ele é uma escola preparatória à vida cristã. Um processo formativo e verdadeira escola de fé. Nas ultimas décadas, a situação pastoral tem feio a Igreja perceber que há também uma necessidade de catecumenato pré-batismal (CIC n. 1231).  
O modelo de catecumenato apresentado pelo RICA possibilita a elaboração de itinerários diversos, de acordo com as necessidades de cada realidade. Uma característica essencial é o seu caráter cristocêntrico e gradual.  
O catecumenato é organizado em quatros tempos: Pré-Catecumenato que é o tempo de acolhimento na comunidade cristã. É o momento do primeiro anúncio – querigma; Catecumenato que é o tempo mais longo para a catequese, reflexão e aprofundamento. Vivência cristã e o entrosamento com a Igreja; Purificação e Iluminação que é o tempo da preparação próxima para os sacramentos que se realiza no tempo da quaresma; Mistagogia que é o tempo de aprofundamento e maior mergulho no mistério cristão e a vivência na comunidade.  
Estes quatros tempos são permeados por grandes celebrações ou etapas (ingresso na Igreja como catecúmeno ou rito de admissão, eleição ou inscrição do nome, celebração dos sacramentos iniciais) das quais participam membros da comunidade, parentes e amigos.  
Dentro de cada tempo vão acontecendo progressos na caminhada da educação da fé. Além das celebrações (etapas) que marcam a passagem de um tempo para outro, há ritos especiais dentro de cada tempo, feitos no meio da semana para marcar os avanços que vão sendo gradativamente atingidos.  

sexta-feira, 9 de março de 2012

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ!



RESUMO SINTÉTICO
Estudo 97 - CNBB

INTRODUÇÃO 

Em 1974 a CNBB publicou os primeiros documentos voltados para a Iniciação Cristã: Pastoral da Eucaristia e Pastoral dos Sacramentos da Iniciação Cristã. Estes, orientados para os Sacramentos da Iniciação.

A preocupação há 35 anos estava voltada para os Sacramentos ou à Pastoral dos Sacramentos. Hoje, ao retornar, sobre a mesma Iniciação Cristã, estamos nos dedicando a um dos temas mais desafiadores da nossa ação evangelizadora. Como levar as pessoas a um contato vivo e pessoal com Jesus Cristo? Como fazê-los mergulhar nas riquezas do Evangelho? Como realizar uma iniciação de tal modo que os fieis perseverem na comunidade cristã? Como formar verdadeiros discípulos missionários de Jesus Cristo?

Pretendemos nos debruçar não tanto sobre a “preparação para receber os sacramentos”, mas sim sobre o processo e a dinâmica pelas quais “tornar-se cristãos”, processos que vão além da catequese entendida como período de maior aprendizado e orientado para um sacramento.

I – INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ – POR QUÊ?

Santo Agostinho relata em seu livro Confissões que “tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei”. Muitos, sem saber, estão em busca dessa beleza. Agostinho descobriu tarde a sedução da pessoa e da proposta de Jesus. Mas, talvez, isso tenha contribuído de certo modo para a entrega mais intensa, com o conhecimento de causa e com a consciência do vazio deixado por tantas outras buscas.

Esta procura por Deus está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos pelo mundo, descontentes com propostas que ainda não conquistaram sua mente e seu coração. O ser humano vive à procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. E estas perguntas continuam no coração do homem e da mulher que querem saber quem são, por que estão neste mundo, que sentido têm as escolhas que a vida exige de nós.

Na abertura da carta Fides et Ratio João Paulo II se refere a essa necessidade, que pertence a nossa própria natureza: “a fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”. No Catecismo da Igreja Católica afim que “o homem é capaz de Deus”: “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem... e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” (n 27).

Quem chega à idade adulta com essas indagações precisa de mais do que uma síntese doutrinal. O adulto cheio de perguntas quer descobrir sentido na vida, nos seus relacionamentos no mistério de Deus. Para isso, vai ser necessário um verdadeiro mergulho no mistério, com uma experiência cada vez mais profunda das diversas dimensões da vida cristã. Isso não se faz num “cursinho” rápido e nem mesmo numa catequese isolada de outros aspectos da vida eclesial.

Jesus evangelizou os adultos e abençoou as crianças. Nós muitas vezes fazemos o contrário. As crianças têm todo direito de viver a experiência do amor de Deus. Mas adultos é que vão descobrindo o que, sem saber, seu coração sempre buscou. Uma Igreja em estado permanente de missão tem que responder a essa necessidade. “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte à vida e, com isso uma orientação decisiva” (DAp, n 12).

Tudo começa com uma busca (cf. Jo 1,38) “que procurais?” pergunta Jesus. E isso gera um encontro (cf. Jo 1,38-39): “onde moras?” dizem eles. No fundo estão perguntando: “como te conhecemos melhor?” e aí Jesus responde: “Vinde e vede”. Depois disso produz uma conversão: eles vão, vêem e decidem seguí-lo. Assim o processo vai produzindo comunhão: permanecem com ele (c.f Jo 1,39), acompanham seu caminho, compartilham até seu poder de expulsar o mal e curar (cf. Mt 10,1).

Movidos por esse novo desafio poderíamos perguntar e refletir um pouco mais sobre o que é de fato a iniciação cristã?


II – O QUE TEMOS EM VISTA QUANDO FALAMOS EM INICIAÇÃO CRISTÃ? – O QUE É?

Diante da sede de infinito, presente em todo coração humano, Deus nos dá uma resposta em Cristo Jesus. Como Pedro, confessamos a nossa perplexidade e a nossa confiança nessa resposta de Deus: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).

Consciente disso, a Igreja proclama “que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontra em seu Senhor e Mestre” (GS n 10,2). Com Jesus se faz presente o Reino de Deus, o Mistério revelado entre nós.

Jesus ao falar do Reino chama-o de mistério: “A vós é confiado o mistério do Reino de Deus” (Mc 4,11). Ser cristão é participar desse mistério e se comprometer com ele que é um segredo que se manifesta somente aos iniciados. Não se tem acesso ao mistério através de um ensino teórico, ou com aquisição de certas habilidades, mas de uma maneira ou outra a pessoa precisa ser iniciada a essas realidades maravilhosas através de experiências que marcam profundamente.

Etimologicamente “iniciação” provém do latim “in-ire”, ou seja, ir bem para dentro. É um tempo de aproximação e imersão em novo jeito de ser; sinaliza uma mudança de vida, de comportamento, com a inserção num novo grupo.

Numa cultura moderna quase pós-cristã a Igreja se vê diante da necessidade de uma real iniciação, para formar cristãos que realmente assumam o projeto do Reino. Daí a necessidade de formas de catequese que estejam verdadeiramente a serviço da iniciação cristã.

O documento de Aparecida é enfático ao falar da necessidade urgente de assumir o processo iniciático na evangelização: “ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora. impõe-se a tarefa irrenunciável de oferecer uma modalidade de iniciação cristã, que além de marcar o quê também dê elementos para o quem , o como e o onde se realiza” (n. 287).

O objetivo final, conteúdo e origem da iniciação cristã é fazer-nos chegar ao Pai, por Jesus Cristo e participar de sua natureza divina (cf DV, n. 2). A iniciação cristã é graça benevolente e transformadora, que nos precede e nos cumula com os dons divinos em Cristo. Ela se desenvolve dentro do dinamismo trinitário: os três sacramentos, numa unidade indissolúvel, expressam a unidade da obra trinitário na iniciação cristã: o Batismo nos torna filhos do Pai, a Eucaristia nos alimenta com o Corpo de Cristo e a Confirmação nos unge com unção do Espírito.

Esta obra de amor de Deus se realiza na Igreja e pela mediação da Igreja. É ela que anuncia a boa nova, acolhe e acompanha os que querem realizar um caminho de fé.



Fonte:http://www.catequeseluz.com.br/