terça-feira, 31 de julho de 2012

O que é ser Feliz?


A sede de felicidade foi colocada em nosso coração pelo próprio Deus, porque ele nos criou para sermos felizes com Ele. Mas o pecado desvirtuou o sentido da felicidade; e agora, ao invés de buscarmos a felicidade que traz alegria, corremos atrás da felicidade que traz somente o prazer.

Inventaram agora um tal SEGREDO, através do qual você pode satisfazer todos os seus desejos não atendidos até hoje; é um sonho, uma miragem no deserto. A felicidade não é esta proposta por esta magia fantasiosa. A Carta da Felicidade é aquela que Jesus nos ensinou no Sermão da Montanha.

Ser feliz não é ter uma vida perfeita, sem dor e sem lágrimas; mas saber usar as lágrimas para regar a esperança e a alegria de viver. Ser feliz é saber usar as pedras nas quais tropeçamos para reforçar as bases da paciência e da tolerância. Não é apenas se encantar com os aplausos e elogios; mas saber encontrar uma alegria perene no anonimato.

Ser feliz não é voar num céu sem tempestade, caminhar numa estrada sem acidentes, trabalhar sem fadiga e cansaço, ou viver relacionamentos sem decepções; é saber tirar a alegria de tudo isto e apesar de tudo isto.

Ser feliz não é só valorizar o sorriso e a festa, mas saber também refletir sobre o valor da dor e a tristeza. Não é só se rejubilar com os sucessos e as vitórias, mas saber tirar as grandes lições de cada fracasso amargo.

Ser feliz é não se decepcionar e nem desanimar com os obstáculos e dificuldades, mas usá-los para abrir as janelas da inteligência e modelar a maturidade.

Ser feliz é ser forte na hora de perdoar, ter esperança no meio da batalha árdua, lutar com bravura diante do medo, saber suportar os desencontros. É acreditar que a vida é a maior empresa do mundo.

Ser feliz é jamais desistir de si mesmo e das outras pessoas. É jamais desistir de ser feliz; vivendo e crendo que a vida é um espetáculo e um banquete.

Ser feliz é uma atitude de vida; uma maneira de encarar cada dia que recebemos como um lindo presente de Deus. É não se esquecer de agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida que se renova.

Ser feliz é crer que há pessoas esperando o seu sorriso e que precisam dele. É saber procurar o que há de bom em tudo e em todos, antes de ver os defeitos e os erros.

Ser feliz é não fazer dos defeitos dos outros uma distância mas uma oportunidade de aproximação e de doação de si mesmo. É saber entender as pessoas que pensam diferente de nós e saber ouvi-las atentamente, sem respondê-las com raiva.

Ser feliz é saber ouvir o que cada pessoa tem a nos dizer, sem prejulgar ou desprezar o que tem para nos dizer. É saber sonhar, mas sem deixar o sonho se transformar em fuga alienante.
Ser feliz é fazer dos obstáculos degraus para subir, sem deixar de ajudar aqueles que não conseguem subir os degraus da vida. É saber a cada dia descobrir o que há de bom dentro de você e usar isto para o seu bem e o dos outros.

Ser feliz é saber sorrir, mas sem se esconder maliciosamente atrás do sorriso; mostrar-se como você é, sem medo. É não ter medo dos próprios sentimentos e ter coragem de se conhecer e de se amar. É deixar viver a criança alegre, feliz, simples e pacífica que existe dentro de você.

Ser feliz é ser capaz de atravessar um deserto fora de si mesmo, mas ser sempre capaz de encontrar um oásis dentro no seu interior.

Ser feliz é ter coragem de ouvir um Não e continuar a caminhada sem desanimar e desesperar. É ser capaz de recomeçar de novo quando se errou o caminho. É acreditar que a vida é mais bela do que a suas dores, desafios, incompreensões e crises.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se fazer autor da própria história.

Ser feliz é ter maturidade para saber dizer “eu errei”; “eu não sei”; “eu preciso de você”…

Ser feliz é ter os pés na terra e a cabeça nas estrelas; ser capaz de sonhar, sem medo dos sonhos, mas saber transformar os sonhos em metas.

Ser feliz é ser determinado e nunca abrir mão de construir seu destino e arquitetar sua vida; não ter medo de mudanças e saber tirar proveito delas. Saber tornar o trabalho objeto de prazer e  realização pessoal.

Ser feliz é estar sempre pronto a aprender e se orgulhar de absorver o novo. Ter coragem para abrir caminhos, enfrentar desafios, criar soluções, correr riscos calculados. Sem medo de errar.

Ser feliz é saber construir equipes e se integrar nelas. Não tomar para si o poder, mas saber compartilhá-lo. Saber estimular e fortalecer os outros, sem receio que lhe façam sombra. É saber criar em torno de si um ambiente de fé  e de entusiasmo.

Ser feliz é não se empolgar com seu próprio brilho, mas com o brilho do resultado alcançado em conjunto. É ter a percepção do todo sem perder a riqueza dos detalhes.

Ser feliz é não se esquecer de agradecer o Sol, desfrutar gratuitamente dos encantos da natureza, do canto dos pássaros, do murmúrio do mar, do brilho das estrelas, do aroma das flores, do sorriso das crianças.

Ser feliz é cultivar muitas amizades; é estar pronto para ser ofendido sem ofender, sem julgar e condenar.

Ser feliz é não ter inveja e saber se contentar com o que se tem; é saber aproveitar o tempo que passa; é não sofrer por antecipação o que ainda não aconteceu; é saber valorizar acima de tudo a vida.

Ser feliz é falar menos do que se pensa; é cultivar uma voz baixa. É nunca deixar passar uma oportunidade sem fazer o bem a alguém.

Ser feliz é saber chorar com os que choram, sorrir com os que sorriem, rezar com os que rezam.

Ser feliz é saber discordar sem se ofender e brigar; é recusar-se a falar das faltas dos outros; é não murmurar.

Ser feliz é saber respeitar os sentimentos dos outros; não magoar ninguém com gracejos e críticas ácidas.

Ser feliz é não precisar ficar se justificando; pois os amigos não precisam de explicações e os inimigos não acreditam nelas.

Ser feliz é nunca se revoltar com a vida; é agir como a árvore que permanece calada mesmo observando com tristeza que o cabo do machado que a corta é feito de sua madeira.

Ser feliz é ser como a raiz da árvore que passa a vida toda escondida para poder sustenta-la.

Ser feliz é não deixar que a tristeza apague o seu sorriso; é não permitir que o rancor elimine o perdão; que as decepções eliminem a confiança; que o fracasso vença o desejo da vitória; que os erros vençam os acertos; que a ingratidão te faça parar de ajudar; que a velhice elimine em você o animo da juventude; que a mentira sufoque a verdade.

Ser feliz é ter força para ser firme, mas ter coragem para ser gentil; é ter coragem para ter dúvida.

Ser feliz é ter o universo como caminho; o amor como lei; a paz como abrigo; a experiência como escola; a dificuldade como estímulo; o trabalho como benção; o equilíbrio como atitude; a dor como advertência; a perfeição como meta.

Ser feliz é amar a Deus e ao próximo.

Prof. Felipe Aquino

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A GRAÇA DE DEUS PRESENTE EM NOSSA VIDA


Não existe ninguém que não tenha ouvido falar a palavra graça em algum momento de sua vida. Até mesmo no sentido pejorativo se diz que uma pessoa não tem graça. Esta palavra é confundida com uma alegria espontânea que alguém pode apresentar.

No sentido cristão graça significa o amor permanente que Deus sente por todas as criaturas que Ele pensou antes que existissem e que se mantém até a eternidade. Não podemos fugir do amor que Deus sente por nós. Somos “amaldiçoados” pelo amor de Deus. Mesmo que a gente não queira estamos sobre o olhar amoroso de Deus. Não poderia ser diferente, pois Ele é o nosso Criador e nos ama nesta categoria.

Um pai e uma mãe naturalmente são inclinados a amar seus filhos. Isto que eles só participam da obra da criação. Imagine Deus que é o autor da vida o quanto Ele nos ama? Não se pode explicar de forma quantitativa o quanto Deus nos ama e de sua felicidade quando aceitamos fazer parte de sua vida. Nós seremos santos na medida em que permitirmos que Deus entre em nossa vida. Ele respeita nossa liberdade, deseja que nosso amor seja espontâneo.

Quando fomos batizados recebemos uma “antena”, ou uma nova sensibilidade para percebermos o amor que Deus sente por nós. Podemos afirmar que os cristãos, pela ação contínua do Espírito Santo, se tornam mais sensíveis ao amor de Deus que sempre exigirá sofrimento e renúncia.

Como poderemos responder ao individualismo presente no mundo com a força da Graça de Deus que recebemos? É o nosso testemunho de nos sentirmos amados por Deus que irá transformar o mundo para o altruísmo cristão.

Quanto tempo temos de existência nesta vida? O que faremos para sermos felizes já neste mundo? Tanto São João da Cruz como Santa Teresa de Jesus nos ensinam a entrarmos em nós mesmos e vermos a maravilha que somos. Vivemos ao redor de nosso ser por isto não somos felizes. Não penetramos na profundidade de nosso ser.  A grande crise de relacionamento que o mundo atravessa só será curada se utilizarmos a experiência dos místicos cristãos. Está na hora de nos aprofundarmos na fé e percebermos como somos importantes para Deus.

A leitura da Palavra, a oração, a prática dos sacramentos nos levam a termos uma sensibilidade para percebermos a graça de Deus atuando em nossa vida. Precisamos sentir em nosso coração esta realidade para nos comprometermos com Cristo de forma verdadeira, pois ele nos prometeu que seríamos livres.

Sentimos o sofrimento e a morte rondando a história da humanidade. Não podemos ser pessimistas, mas abrirmos nosso coração para vermos a realidade do amor de Deus presente em nossa história. Somos muito mais do que imaginamos. Somos templos do Espírito Santo e estamos preparados para mudar o mundo colocando amor aonde não existe amor.

Que a mãe de Jesus e todos os santos nos tornem mais sensíveis para percebermos o quanto somos amados por Deus e nos transformarmos em instrumentos de transformação do mundo.


Padre Giribone - OMIVICAPE


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Casa dos Avós: doces lembranças para os netos

A participação dos avós na vida dos netos é tão importante quanto a presença dos pais na vida dos filhos. Embora minha infância já tenha passado, as lembranças dos meus avós são tão vivas na minha memória, como se tudo que vivemos juntos tivesse acontecido ontem. Quem já passou alguns dias de férias na casa dos avós certamente tem boas recordações. Algumas atividades simples, como conhecer a casa e os locais onde nossos pais foram criados, a escola onde estudaram ou ver as fotografias da época, nos ajudaram a estreitar os laços com uma geração passada. Principalmente, através dos causos de família, narrados ao ritmo da (o) vovó (ô), passamos a conhecer a história dos nossos pais quando crianças.
Dependendo da intensidade do relacionamento entre netos e avós, facilmente, a criança irá obedecer aquele com quem passa maior parte do dia. Essa influência acontece quando os netos vivem cotidianamente sob os cuidados dos avós, por exemplo, quando os pais trabalham fora. O contato com a maneira e os hábitos da “casa da vó” serão percebidos no comportamento das crianças, seja na maneira de falar, de se comportar ou até mesmo em hábitos simples como atender ao telefone. Com isso, os avós acabam passando por algumas dificuldades de convivência, não com a nova geração, mas com os pais de seus netos.
Os conflitos entre os adultos podem ser estressante quando os avós, na intenção de fazer o melhor para os netos, interferem na educação aplicada pelos pais. Contudo, mesmo que seus compromissos sejam grandes, não cabe aos avós assumir a responsabilidade outorgada aos pais.
Geralmente, na casa dos avós, comer doces antes do almoço, deitar sem escovar os dentes ou fazer xixi na cama parece não ser o maior pecado do mundo… Mas isso não significa que os pais devam proibir suas crianças de visitá-los. A eles cabe apenas buscar o equilíbrio dessas visitas e ajudar seus filhos a perceberem que em cada casa há um ritmo próprio.
Acima de tudo, estes momentos de convivência na casa dos avós são fundamentais, pois nossas crianças não esquecerão das brincadeiras, dos passeios, das piadas, entre outras coisas boas que fizeram parte do tempo de infância; do mesmo modo, que eu não posso esquecer de outras épocas quando, com outros primos, brincávamos na oficina e com as “preciosas” ferramentas do meu avô “Tonho”.
Um abraço especial aos avós e também aos bisas!
Dado Moura
Escritor, produz conteúdo para o portal Canção Nova,
e recentemente publicou o livro “Lidando com as Crises”,
pela editora Canção Nova.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

1 ano de blog...


Precisou meu blog completar um ano para que eu me desse conta  do dia especial que ele nasceu.
26 de julho dia de Santa Ana e São Joaquim (dia dos avós).
E é claro já os coloquei como padroeiros do blog com essa linda imagem acima de Joaquim e Ana ensinando Maria, exemplo para todos nós pais.
Com alegria agradeço a todos com suas visitas, comentários e principalmente o incentivo de minha família.

São Joaquim e Santa Ana 
Rogai por nós!!!

São Cristóvão

A devoção a são Cristóvão é uma das mais antigas e populares da Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente. São centenas de igrejas dedicadas a ele em todos os países do mundo. Também não faltam irmandades, patronatos, conventos e instituições que tomaram o seu nome, para homenageá-lo. Ele consta da relação dos "quatorze santos auxiliadores" invocados para interceder pelo povo nos momentos de aflições e dificuldades. Assim, o vigor desta veneração percorreu os tempos com igual intensidade e alcançou os nossos dias da mesma maneira. 

Entretanto são poucos os dados precisos sobre sua vida. Só se tem conhecimento comprovado de que Cristóvão era um homem alto e musculoso, extremamente forte. Alguns escritos antigos o descrevem como portador de "uma força hercúlea". Pregou na Lícia e foi martirizado, a mando do imperador Décio, no ano 250. Depois disso, as informações fazem parte da tradição oral cristã, propagada pela fé dos devotos ao longo dos tempos, e que a Igreja respeita. 

Ela nos conta que seu nome era Réprobo e que nasceu na Palestina. Como um verdadeiro gigante Golias, não havia quem lhe fizesse frente em termos de força física. Assim, só podia ter a profissão que tinha: guerreiro. Aliás, era um guerreiro indomável e invencível. A sua simples presença era garantia de vitória para o exército do qual participasse. 

Conta-se que, estando cansado de servir aos caprichos de um e outro rei, apenas porque fora contratado para lutar em seu favor, foi procurar o maior e mais poderoso de todos, para servir somente a este. Então, ele se decidiu colocar a serviço de satanás, pois não havia quem não se curvasse de medo ao ouvir seu nome. 

Mas também se decepcionou. Notou que toda vez que seu chefe tinha de passar diante da cruz, mudava de caminho, evitando o encontro com o símbolo de Jesus. Abandonou o anjo do mal e passou, então, a procurar o Senhor. Um eremita o orientou a praticar a caridade para servir ao Todo Poderoso como desejava, então ele abandonou as armas imediatamente. Integrou-se a uma instituição de caridade e passou a ajudar os viajantes. De dia ou de noite, ficava às margens de um rio onde não havia pontes e onde várias pessoas se afogaram por causa da profundidade, transportando os viajantes de uma margem à outra. 

Certo dia, fez o mesmo com um menino. Mas conforme atravessava o rio, a criança ia ficando mais pesada e só com muito custo e sofrimento ele conseguiu depositar com segurança o menino na outra margem. Então perguntou: "Como pode ser isso? Parece que carreguei o mundo nas costas". O menino respondeu: "Não carregou o mundo, mas sim seu Criador". Assim Jesus se revelou a ele e o convidou a ser seu apóstolo. 

O gigante mudou seu nome para Cristóvão, que significa algo próximo de "carregador de Cristo", e passou a peregrinar levando a palavra de Cristo. Foi à Síria, onde sua figura espetacular e nada normal chamava a atenção e atraía quem o ouvisse. Ele, então, falava do cristianismo e convertia mais e mais pessoas. Por esse seu apostolado foi denunciado ao imperador Décio, que o mandou prender. Mas não foi nada fácil, não por causa de sua força física, mas pelo poder de sua pregação. 

Os primeiros quarenta soldados que tentaram prendê-lo converteram-se e por isso foram todos martirizados. Depois, quando já estava no cárcere, mandaram duas mulheres, Nicete e Aquilina, à sua cela para testar suas virtudes. Elas também abandonaram o pecado e batizaram-se, sendo igualmente mortas. Foi quando o tirano, muito irado, mandou que ele fosse submetido a suplícios e em seguida o matassem. Cristóvão foi, então, flagelado, golpeado com flechas, jogado no fogo e por fim decapitado. 

São Cristóvão é popularmente conhecido como o protetor dos viajantes, assim como dos motoristas e dos condutores.



http://www.paulinas.org.br

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Liturgia deve ser mistagogia

Uma das constantes preocupações do Santo Padre Bento XVI diz respeito à liturgia. Ultimamente, ou desde a Reforma litúrgica de Paulo VI, como todos sabem, a Liturgia Romana tem sofrido duros golpes por parte de quem não lhe reconhece a dignidade devida. Muitos padres e comunidades acham que podem “fazer” sua própria liturgia, pois que acrescentam e tiram aqui e ali, tendo como único conselheiro e guia o próprio alvedrio ou o gosto pessoal, de modo a descaracterizar o que recebemos da Igreja e, em última análise, dos Apóstolos e do próprio Senhor. Quem poderá negar que uma onda de atitudes e gestos estranhos invadiram a Liturgia Romana nos últimos anos? É o barulho ensurdecedor dos cantos e instrumentos musicais, as letras dos cantos que nada tem a ver com o senso litúrgico, o padre que se faz de showman, os “bom-dias” despropositados do padre e seu linguajar, muitas vezes, nada apropriado ao culto divino, as adulterações de orações e do sentido autêntico da celebração, a “bateção” de palmas do início a fim da Missa, as danças descabidas, a invasão de procissões (é procissão disso, procissão daquilo...), etc.

O Santo Padre, na Carta aos Bispos que acompanha o Motu Proprio Summorum Pontificum, tocou na questão dos celebrantes que, depois da Reforma litúrgica e não a compreendendo bem, se sentem obrigados à criatividade, e disse que tal mal entendido “levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável” (Carta aos Bispos). Atingimos, na expressão do próprio Papa, o“limite do suportável”. O Papa não podia ser mais claro em sua desaprovação aos abusos litúrgicos.

O mais preocupante diz respeito à conservação e trasmissão da autêntica fé católica e ao vigor espiritual dos fiéis. Todos sabemos, e a tradição da Igreja nos dá prova disso, que “legem credendi lex statuit orandi”. A fé se alimenta da liturgia bem celebrada. Não é à toa que as grandes reformas ao longo da história da Igreja tiveram como eixo e ponto dinamizador a liturgia. A propósito, assim se expressou João Paulo II: “A tradição e a experiência milenar da Igreja nos mostram que é a Fé, celebrada e vivida na liturgia, que alimenta e fortifica a comunidade dos discípulos do Senhor (Discurso,11 de maio de 1991).

Se a vida espiritual dos católicos hoje precisa de novo vigor e de uma fé mais profunda, será que não devemos voltar a celebrar com mais dignidade os mistérios da nossa salvação? Uma orientação que vem do Santo Padre Bento XVI, não tanto de suas palavras como de seu exemplo prático, ensina-nos a preservar o sentido do mistério em nossas celebrações. Celebrar a liturgia deve constituir uma verdadeira mistagogia, isto é, uma introdução ao mistério do Senhor, de cuja vida somos chamados a participar. E isso com todo o respeito!





Por: Pe. Elílio de Faria Matos Júnior 
Vigário Paroquial da Paróquia Bom Pastor
Juiz de Fora, MG 

http://www.catequisar.com.br

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Os tempos são outros...


Existem em alguns lugares do Brasil, iniciativas lindas, experiências riquíssimas no processo de Iniciação à Vida Cristã, usando do método catecumenal. O interessante  é que  cada um vai descobrindo a melhor maneira de se colocar em prática, adequando à sua realidade. Todos, porém, com o mesmo objetivo: FORMAR CRISTÃOS.
 
Portanto, o que  partilho aqui,  não são regras, normas, mas,  luzes! E a luz ilumina o caminho, mas não é o caminho. Mesmo porque, no processo catecumenal, não existe um caminho pronto, mas, pistas. De posse dessas pistas, luzes, começamos nosso itinerário, sujeito a erros, tropeços. O importante é ter a coragem e ousadia de dar o pontapé inicial.

A nossa catequese sempre caminhou e não podemos dizer que a maneira com que fazíamos era errada. Todos nós devemos avaliar essa caminhada, tirando dela coisas positivas, o que não podemos é parar no tempo, pois tudo evolui.

A catequese que fazíamos a  20, 15 anos atrás,  com algumas exceções, não acontecia o contato direto com as famílias. Era comum chegar no dia da Primeira Comunhão, ter pai/mãe que não conhecia o catequista e vice-versa. Tínhamos em mente que nossa missão era unicamente com os catequizandos. Enchíamos a lousa de “conteúdos”, as cadeiras colocadas em fila indiana, o catequista de pé, atrás de uma mesa. Fazíamos “avaliações”, chamada oral de orações e até colocávamos de castigo os “danadinhos”. Agíamos como  professora e muitas vezes, daquela, tipo “sargento”
 
Não tínhamos essa visão de que a catequese não é para se receber sacramentos. Eu, particularmente, tinha plena certeza de que essa era a meta da catequese. Como “catequista de Primeira Eucaristia”, achava que minha missão acabava com a celebração da Primeira Comunhão. Não estava preocupada  com uma catequese continuada, mesmo existindo a catequese de perseverança, muitos se perdiam pelo caminho, ficando só na Eucaristia. Não fazíamos essa ligação dos sacramentos de iniciação: Batismo, Eucaristia, Crisma (essa é a ordem que usamos hoje). Aliás, o termo  “Catequese de iniciação” se referia àqueles que se inscreveram para a catequese de “Eucaristia”. Assim, automaticamente reforçávamos que a catequese era pra se receber a Primeira Eucaristia.

Não sabíamos também que para uma pessoa ser considerada INICIADA NA FÉ,  era preciso muito mais que fazer uma “coleção” dos três sacramentos. (A propósito quando é que uma pessoa pode ser considerada iniciada na fé?)

Enfim, não tínhamos também em nossas mãos esse valioso meio de comunicação, a internet para nos orientar, ajudando em nossa formação.

Olhando pra trás, podemos entender aquela  frase: “Os tempos não são melhores, nem piores, os tempos são outros

Nos tempos atuais, temos uma proposta de catequese que leve o catequizando, o catecúmeno a fazer a opção por Jesus, depois de tê-lo conhecido. Esse Cristo  morto, ressuscitado, presente. Uma catequese casada com a liturgia, com ritos ricos em significados. Uma catequese onde o catequista  não dá “aulas”, mas é um instrumento que facilita o encontro dos seus catequizandos com o mistério divino, mistagógica, vivencial. Nossa meta é formar cristãos convictos e comprometidos com a causa do Reino.

Lendo isso, muitos podem pensar: “ Estamos  muito longe de ter em nossa paróquia essa catequese!”  O objetivo do blog, além de formações, espiritualidade, orientações, partilha, informações daquilo que a Igreja nos propõe, queremos motivar. Motivação nada mais é do que, dar motivos. Por exemplo: os tempos são outros, nem melhores, nem piores, mas  outros.

Desde o ANC (Ano Nacional de Catequese),em 2009,  o que mudou em sua paróquia?

Em sua paróquia, diocese, foi oferecido alguma formação sobre Iniciação à Vida Cristã, querigma,  o RICA , a Catequese em estilo catecumenal?

Qual a data onde são celebrados os sacramentos de Iniciação? No final do ano ou na Páscoa?

Os catequistas têm em mente que na catequese não existem: professores, alunos, aula?

Os pais,  foram conscientizados da importância de uma catequese continuada e sem quebras, e que seu filho(a) não está ali para receber esse ou aquele sacramento, mas para se tornar um cristão maduro e adulto na fé?

Existe um trabalho organizado para se trabalhar/evangelizar os pais?

Existe na sua paróquia uma estrutura para acolher aqueles que acabaram de fazer a Primeira Eucaristia?

Toda caminhada, mesmo a mais longa, começa pelo primeiro passo. Quando alguém partilha comigo suas conquistas, fico muito feliz.

“Li sobre a experiência de visitas nas famílias, achei interessante, passei à coordenadora da catequese e decidimos que iríamos pegar o nome e telefone das crianças e que faríamos as visitas nas casas. Mas, chegando  lá, o que falar, como vou abordar as famílias?”

“Uma coisa conseguimos: mudar o calendário de nossa catequese para celebrar a 1ª Eucaristia durante a Páscoa”

Avante exército de Deus! Podemos muito, basta acreditarmos! Quem acredita, muda o que faz!

Imaculada Cintra

http://catequeseebiblia.blogspot.com.br/

terça-feira, 17 de julho de 2012

O querigma precede a catequese



"O querigma é uma lacuna grave na Igreja: lacuna mental porque não se tem idéia clara sobre ele, e lacuna prática porque não se cumpre de forma sistemática, completa e a todos, como oferta ordinária das paróquias". (Pe Alfonso Navarro MSpSC - introdução caderno de estudo-exortação apostólica CATECHESI TRADENDAE - outubro de 1979).

Ainda hoje  o querigma continua sendo  uma lacuna em nossa Igreja. Sabemos através dos documentos e o de Aparecida é bem claro no número 289, quando diz: “sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de Iniciação Cristã que comece pelo querigma e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da missão.”
Antes, no número 278 diz: “O querigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem o querigma, os demais aspectos desse processo estão condenados a esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do querigma acontece a probalidade de uma iniciação cristã verdadeira. Por isso, a Igreja precisa tê-lo presente em todas as suas ações”

O autor do livro  ‘Evangelizar os Batizados’, José Prado Flores,  diz que: “Querigma deve preceder a catequese. Que  o querigma é o primeiro anuncio de Jesus e que a catequese é o ensino progressivo da fé. Se o querigma é a forte badalada do sino, a catequese é o eco da badalada. A catequese prolonga o anúncio querigmático. A catequese, para produzir fruto abundante que permaneça, deve estar em seu lugar: SEMPRE DEPOIS DO ANÚNCIO QUERIGMÁTICO.”

Na teoria, acho que isso já está claro pra nós. Mas, na prática, como abordar uma pessoa, como  anunciar Jesus? Seria ótimo se os catequistas fossem capacitados para “anunciar”, que aprendessem numa “escola para evangelizadores” os passos do querigma e em seguida praticassem através das visitas.

Abaixo, deixo umas pinceladas dos passos do querigma. Lembrando que  usei a apostila da escola de evangelizadores da Capelinha (minha paróquia) para fazer esse resumo dos passos do querigma.

PASSOS DO QUERIGMA

I - O AMOR DE DEUS

Deus te ama muito. Não importa o que tenha sido ou seja no presente: seus pecados, vícios ou defeitos. Te ama com suas qualidades e defeitos. Mesmo todo fracasso, problema e até pecado em sua vida são agora uma oportunidade para que você experimente seu amor, que é sempre fiel. Te ama não porque você é bom, mas porque Ele é bom. Não pelo você faz, mas pelo que você é: FILHO DELE.

ELE TE AMA INCONDICIONALMENTE, PORQUE É AMOR.

Ama a pessoa do pecador e odeia o pecado nele. (Nós odiamos o pecador com pecado e tudo, somos cheios de colocar imposições para amar).

“Os montes podem mudar de lugar, e as coisas podem abalar-se, mas o meu amor não mudará” (Is 54,10)

Objetivo desse passo: Que cada um experimente o amor pessoal e incondicional de Deus que é nosso Pai.

II - O PECADO

O que impede que em nosso mundo, se manifeste o amor de Deus e se realize seu plano de felicidade, paz e união, chama-se PECADO. Ele é a causa de todos os males. O pecado é esse impedimento que não nos permite experimentar o amor de Deus. Um passarinho não pode voar, se está atacado por uma corrente de aço ou por um delgado fio. Nós sabemos quem nos acorrenta. Assim, nós precisamos de alguém que desamarre o laço do pecado. Esse alguém é Jesus. O único pecado que não pode ser perdoado é o que não o reconhecemos. (Normalmente quando falamos do amor de Deus para as pessoas, automaticamente ela se reconhece pecador. “ Deus me ama tanto, eu não tenho feito isso, aquilo...”  No momento em que ele se reconhece pecador,  não vamos passar a mão na cabeça, mas vamos falar sobre aquele que nos liberta de todo pecado. O próprio visitado nos conduz ao terceiro passo do querigma: A SALVAÇÃO EM JESUS.)

Objetivo: Cada um deve ser convencido (não acusado) do pecado, de que é necessário da salvação. Dar-se conta de que nenhum homem pode tirar o pecado, que é causa de todos os males.

III – SALVAÇÃO EM JESUS

Deus nos ama, mas o pecado nos impede de experimentar esse amor. O amor, por si só não pode salvar. Quando não havia qualquer esperança de solução para o problema mais grave do homem, então brilhou uma luz nas trevas. Deus cumpriu sua promessa de salvação.

“Deus amou tanto o mundo que entregou seu Filho único, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele” (Jo 3,16-17)

Nenhuma condenação pesa sobre nós. Nossos pecados foram perdoados graças ao sangue de Cristo, que o pediu a seu pai quando estava pendurado na Cruz. “Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem”.

Portanto, podemos nos aproximar de Deus, pelos méritos de Cristo. Deus não só perdoa, como esquece, perdoa para sempre. Quer dizer, não se recorda nunca mais de nossos pecados perdoados. Contamos com a força de Deus para vencer o pecado, e este perdeu já todo o seu poder de influência sobre nós.

Objetivo: Apresentar Jesus morto, ressuscitado e glorificado como única solução para o mundo e cada indivíduo. Proclamar que já fomos salvos pelo seu sangue.

IV – FÉ E CONVERSÃO

Se Jesus já nos salvou, porque então não experimentamos todos os frutos da salvação em nossa vida e em nosso mundo. O que nos falta, é aceitarmos e recebermos o que Jesus já conquistou para nós.

“Que devemos fazer para viver a vida de Jesus?” perguntou aquela multidão a Pedro na gloriosa manhã de Pentecostes. Toda aquela gente havia dado conta de que os apóstolos, juntamente com Maria, viviam a vida humana de tal forma que entusiasmavam os outros a querer viver também do mesmo modo. A resposta de Pedro foi simples: Creiam em Jesus, convertam-se de seus pecados, e então poderão viver a vida do filho de Deus ressuscitado. Fé e conversão constituem a única coisa de que nós necessitamos para viver a vida de Deus trazida por Jesus.

Quando cremos em Jesus, de verdade, nós subimos á cruz com Ele, morrendo a tudo aquilo que não nos deixa viver. Esse tipo de fé nos permite ver o invisível e esperar toda a esperança, já que tudo é possível ao que crê.

A mais concreta forma como se manifesta a fé é mediante a conversão.

Objetivo: Ter um encontro pessoal com Jesus Salvador pela fé e pela conversão.

V – O ESPÍRITO SANTO DE DEUS

Não muitos dias depois de sua ressurreição, Jesus, cheio do Espírito Santo, cumpriu sua promessa: enviou do céu a torrente do Espírito sobre seus discípulos que estavam em oração com sua Mãe Maria. O Espírito Santo lhes revelou quem era Jesus e lhes mostrou a verdadeira dimensão salvífica para  qual o Pai O havia enviado, ensinou-lhes o profundo significado das palavras do Mestre. A efusão do Espírito mudou seus corações de pedra em corações de carne; deu-lhes o mesmo coração de Jesus. Começaram a ter o mesmo sentimentos, interesses e critérios de Cristo. Desde então, Cristo vivia neles pela presença do seu Espírito.

A promessa do Espírito Santo é para todos. Cada um recebe de acordo com sua possibilidade e capacidade de recepção. Quanto mais aberto e necessitado se esteja, mais se receberá.

Objetivo: Apresentar o Espírito Santo que, ao mudar nosso coração, nos capacita para viver a Vida Nova e convencer-nos de que a experiência de Pentecostes é oferecida também a cada um de nós hoje.

VI – A COMUNIDADE
A nova vida trazida por Jesus Cristo não pode ser vivida à margem dos demais. Tem de ser partilhada com os outros irmãos na fé aberta a todo homem. Por essa razão, a comunidade cristã não é opcional para o cristão, mas sim, a única maneira de se ser cristão completamente.

A comunidade não é uma estrutura, mas um ambiente de fé onde se faz efetiva e palpável a salvação de Jesus. Não consiste necessariamente em viver juntos, mas, sim, em viver unidos pelo vínculo do amor e por um objetivo comum: viver o Evangelho. Não está composta de santos e perfeitos, mas de pessoas que estão decididas a seguir em frente no seu processo de conversão.

Objetivo: Mostrar que só em comunidade poderemos crescer e perseverar na vida do Espírito.

Trocando em miúdos, o querigma é essa concatenação dos  seguintes passos, que não precisa ser necessariamente ser nessa ordem. Muitas vezes, o evangelizando conduz o evangelizador. Eu sempre gosto de começar usando a passagem bíblica, Isaias 43, 1-5. Não há quem resista a tamanha declaração de amor.

DEUS TE AMA, com amor incondicional, mas teu PECADO te impede de sentir esse amor. Entretanto, Ele já te perdoou e LIBERTOU pela morte e ressurreição de Cristo Jesus. A única coisa que você deve fazer é crer, ter  e CONVERTER-SE a fim de receber seu amor, que é o ESPÍRITO SANTO e possa viver na família de Deus, fazendo parte da COMUNIDADE.

Imaculada Cintra
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