segunda-feira, 19 de março de 2012



Por que se confessar na Semana Santa?


Queremos, no início da Semana Santa, apresentar um itinerário teológico acerca do Sacramento da Penitência. Diz o Catecismo da Igreja Católica, no seu número 1422, que “aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão”.

O Sacramento da Penitência é o sacramento da conversão profunda, porque realiza, de maneira sacramental, o apelo de Jesus à conversão e o esforço de regressar à casa do Pai, do qual o pecador se afasta pelo pecado. Pode, também, ser chamado de Sacramento da Confissão, porque o penitente reconhece diante do sacerdote ser pecador e confessa os seus pecados, reconhecendo o delito e pedindo a santidade de Deus e a sua infinita misericórdia pelo perdão de seus pecados. Pode, ainda, ser chamado de Sacramento do Perdão, porque pela absolvição sacramental do sacerdote o penitente recebe da parte de Deus e da Igreja o perdão e a paz. Por fim, é chamado de Sacramento da Reconciliação, porque no ato de se confessar o pecador recebe o amor generoso do Pai e reconcilia-se com Deus, com a comunidade e com os irmãos.

Aproximar-se do confessionário, depois de um acurado exame de consciência, é viver o apelo de Jesus à conversão e à penitência. Sim, uma conversão profunda de dentro para fora, do coração. O Catecismo da Igreja Católica no seu número 1432 ensina que “o coração do homem é pesado e endurecido. É necessário que Deus dê ao homem um coração novo (20). A conversão é, antes de mais, obra da graça de Deus, a qual faz com que os nossos corações se voltem para Ele: ‘Convertei-nos, Senhor, e seremos convertidos’ (Lm 5, 21). Deus é quem nos dá a coragem de começar de novo. É ao descobrir a grandeza do amor de Deus que o nosso coração é abalado pelo horror e pelo peso do pecado, e começa a ter receio de ofender a Deus pelo pecado e de estar separado d'Ele. O coração humano converte-se, ao olhar para Aquele a quem os nossos pecados trespassaram”.

No tempo em que freqüentávamos a catequese paroquial, aprendemos que o pecado é, acima de tudo, uma grave ofensa a Deus, uma ruptura da comunhão com Ele e com a Igreja. Sabemos, também, que só Deus perdoa os pecados. Mas Jesus concedeu aos seus discípulos e à Igreja a graça de perdoar os pecados e de não perdoá-los. Por isso, Jesus Cristo instituiu o sacramento da Penitência para todos os membros pecadores da sua Igreja, antes para aqueles que, depois do Batismo, caíram em pecado grave e assim perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial e comunitária. É a eles que o sacramento da Penitência oferece uma nova possibilidade de se converterem e de reencontrarem a graça da justificação. Os Padres da Igreja apresentam este sacramento como a segunda tábua (de salvação), depois do naufrágio que é a perda da graça.

Por isso, o fiel, ciente de que deve se confessar pelo menos uma vez por ano pela Páscoa da salvação, ao receber a absolvição deve ficar atento à fórmula da absolvição, quando o presbítero diz que o Pai das misericórdias é a fonte de todo o perdão e que Ele realiza a reconciliação dos pecadores pela Páscoa do seu Filho e pelo dom do seu Espírito, através da oração e do ministério da Igreja.

O fiel que se aproxima da confissão deve acusar ao sacerdote os seus pecados, para se libertar deles e facilitar a sua reconciliação com os outros. Por isso, é fundamental que o fiel enumere todos os pecados mortais de que têm consciência, após se terem seriamente examinado, mesmo que tais pecados sejam secretíssimos e tenham sido cometidos apenas contra os dois últimos preceitos dos Dez Mandamentos de Deus; porque, por vezes, estes pecados ferem mais gravemente a alma e são mais perigosos que os cometidos à vista de todos.
Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário judicial da Arquidiocese de Juiz de Fora e presidente do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano
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