quarta-feira, 25 de setembro de 2013

29 setembro 2013 – 26º Domingo do Tempo Comum

“Agora Lázaro é consolado, e você, é atormentado”
Evangelho: (Lc 16, 19-31)
...Havia um homem pobre, de nome Lázaro, coberto de feridas, ficava deitado junto ao portão do rico. Desejava matar a fome com o que caía da mesa do rico. Em vez disso eram os cães que vinham lamber-lhe as feridas! Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos para junto de Abraão. Também o rico morreu e foi sepultado. E na morada dos mortos, em meio aos tormentos viu de longe Abraão e Lázaro ao seu lado. Ele então gritou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim. Manda que Lázaro molhe a ponta do dedo e venha refrescar-me a língua, porque sofro nestas chamas’. Respondeu Abraão: ‘Filho, lembra-te de que em vida recebeste teus bens e Lázaro seus males. Agora ele aqui é consolado e tu, atormentado. Ademais, entre nós e vós há um grande abismo. Os que quiserem passar daqui para aí não podem, nem tampouco daí para cá’. O rico disse: ‘Peço-te, então, pai, que ao menos o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Que Lázaro os advirta, a fim de que não venham também eles para este lugar de sofrimento’. Mas Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas. Que os escutem’. Disse ele: ‘Não é isso, pai, é que se algum dos mortos fosse até lá, eles se converteriam’. Ele respondeu-lhe: ‘Se não ouvem Moisés e os Profetas, tampouco acreditarão se um morto ressuscitar’”.
COMENTÁRIO
Hoje, último domingo do mês de setembro, comemoramos também o dia da Bíblia. Vamos pedir ao Pai que abra nossos ouvidos e nossos corações para acolhermos com amor a sua Palavra.
No evangelho de hoje Jesus nos conta uma parábola muito conhecida e que deve servir-nos de alerta. A Palavra de Deus é muito clara e mostra que é preciso mudar nossa maneira de ver as coisas. Não podemos viver fazendo de conta que fome e desigualdade social, são coisas que não existem.
De fato, este evangelho é um recado direto para quem não se comove com o sofrimento dos pobres, no entanto, deixa claro também que não adianta somente se comover e não mover uma "palha" sequer, para mudar esse quadro. A compaixão deve ser traduzida em gestos concretos, em obras.
Finalizando, Jesus diz que é impossível transpor o abismo que separa o inferno, do paraíso. A ponte que torna possível a travessia para o céu, deve ser construída através de nossas ações. Temos uma vida inteira para construí-la, ou não.
Note que nesta parábola, o rico não maltratava o pobre Lázaro, ele simplesmente o ignorava. Para esse magnata, fechado em seu próprio mundo, era como se Lázaro não existisse. Talvez nunca tenha percebido esse indigente em seu portão.
Se é que chegou a perceber sua presença, certamente ignorou suas necessidades. O rico da parábola, não representa, necessariamente, o rico de bens. Esse rico simboliza a nata da sociedade, nossos governantes e os responsáveis pela distribuição de renda. Ele é o símbolo do cristão que, mesmo não sendo da alta sociedade, não tem compromisso com o evangelho.
O pobre Lázaro representa o povo ignorado, sofrido e oprimido. É o símbolo mais representativo do doente sem poder aquisitivo, que mendiga atendimento médico e remédios nas longas filas dos postos de saúde. Quantos Lázaros são enxotados das portas de planos de saúde e hospitais particulares.
Outra coisa que nos chama à atenção, é que em nenhum instante Lázaro maldizia sua sorte. A exemplo de Jó, Lázaro aceitava tudo com resignação e esperança. Confiava em Deus e em suas promessas. Sabia que tudo aquilo era passageiro e que sua recompensa estava reservada no céu.
Um dia Lázaro morreu e foi levado, pelos anjos, junto a Abraão. Quando o rico morreu, foi enterrado e enviado para a região dos mortos. Apesar de passarem quase despercebidas, estas duas frases são muito fortes. É preciso entendê-las e sentir-se responsável, para evitar arrependimentos futuros.
Deus Pai reservou o melhor para todos seus filhos. Maravilhas que os olhos humanos jamais viram nos aguardam, no entanto, não basta ser pobre para ser herdeiro do céu, assim como, o inferno não é lugar reservado exclusivamente para os donos de grandes fortunas.
No evangelho, é bem diferente o sentido de pobre e rico. Existem pobres de bens materiais, que são ricos em ganância e soberba. Existem também milionários que não são escravos do dinheiro. Têm espírito cristão, sabem dividir e pagam salários justos aos seus empregados.
Esta parábola nos ensina que é preciso despojar-se. Ensina também que ninguém é condenado pelo simples fato de ser rico. Porém, é preciso cuidado com a tentação do poder. Lembre-se sempre deste singelo versinho: “onde o ouro alto fala... o coração se cala”.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

JESUS NOS ACOMPANHA ATRAVÉS DOS SACRAMENTOS. A MISSA NA CASA SANTA MARTA


Jesus nos espera sempre, esta é a humildade de Deus. Foi o que afirmou o Papa Francisco na Missa desta manhã na Casa Santa Marta. O Papa Francisco se inspirou no Salmo do dia “Vamos com alegria à casa do Senhor”, sublinhando que o Sacramento não é um rito mágico, mas um encontro com Jesus que nos acompanha na vida. “Na história do Povo de Deus – observou – existem momentos belos, que trazem alegria, e momentos ruins, de dor, martírio e pecado”.

“Mas seja nos momentos ruins como nos bons, uma coisa permanece sempre a mesma: o Senhor está lá e jamais abandona o Seu povo! Porque o Senhor, no dia do primeiro pecado, tomou uma decisão, fez uma escolha: fazer História com o Seu povo. Deus, que não tem História porque é eterno, quis fazer História e caminhar perto de Seu povo: fazer-se um de nós e como um de nós, caminhar conosco, em Jesus. Isto nos fala da humildade de Deus”.

A grandeza de Deus – acrescentou Francisco – é justamente a sua humildade: “Quis caminhar com seu povo”. E quando o seu povo “se afasta dele com o pecado, com a idolatria”, “Ele estava ali”, esperando. E também Jesus – disse – vem com esta “atitude de humildade”. Quer “caminhar com o Povo de Deus, caminhar com os pecadores; mesmo caminhar com os soberbos”. “O Senhor – afirmou – fez tanto para ajudar os corações soberbos dos fariseus”:

“Humildade. Deus sempre espera. Deus está ao nosso lado, Deus caminha conosco, é humilde, nos espera sempre. Jesus sempre nos espera. Esta é a humildade de Deus. E a Igreja canta com alegria esta humildade de Deus que nos acompanha, como fizemos com o Salmo. ‘Andemos com alegria à Casa do Senhor’: vamos com alegria porque Ele nos acompanha, Ele está conosco. E o Senhor, também na nossa vida pessoal, nos acompanha, com os Sacramentos. O Sacramento não é um rito mágico: é um encontro com Jesus Cristo, nos encontramos com o Senhor. É Ele que está ao nosso lado e nos acompanha”.

Jesus se faz “companheiro de caminhada”. “Também o espírito Santo – acrescentou – nos acompanha e nos ensina tudo aquilo que nós não sabemos, no coração” e “nos recorda tudo aquilo que Jesus nos ensinou”. E assim “nos faz sentir a beleza do bom caminho”. “Deus Pai, Filho e Espírito Santo – destacou o Papa – são companheiros de caminho, fazem história conosco”. “E isto – prosseguiu – a Igreja celebra “com tanta alegria, também na Eucaristia” com a “quarta oração eucarística” onde “se canta aquele amor tão grande de Deus que quis ser humilde, que quis ser companheiro de caminho de todos nós, que quis também Ele fazer história conosco”.


“E se Ele entrou na nossa História, entremos também nós na Sua História, ou ao menos peçamos a Ele a graça de deixarmos que Ele escreva a nossa história. É segura”.

Rádio Vaticano

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A força de um sorriso

A pessoa de Jesus Cristo tem sido usada com frequência por escritores e palestrantes como exemplo de liderança no mundo coorporativo.

E de fato, devemos reconhecer que Jesus foi, é e sempre será o nosso grande exemplo de homem motivador, que serve e, sendo Deus, é o maior modelo de humildade que a humanidade já conheceu.

Porém, hoje quero tratar de outro exemplo de liderança motivadora: Papa Francisco. Às vésperas da visita do Santo Padre ao Brasil comecei a refletir sobre o exemplo que este homem tem sido para a humanidade.

Francisco surge num mundo em crise, porém, ele possui um sinal que tem sido capaz de alterar as estruturas rígidas de situações que antes pareciam sem solução. Falo do sorriso de Francisco. O sorriso do Santo Padre é este sinal.
O semblante de Francisco transmite segurança, paz, tranquilidade e acima de tudo alegria. Ele nos diz, pela comunicação não verbal, que a missão de ser Pedro não tem sido um peso pra ele.

Ser líder, ser servo, é sempre um desafio. Não importa a dimensão da organização que você possa estar à frente, mas o posto de liderança sempre traz um peso muito grande para quem o ocupa.

E por causa desta responsabilidade extrema é que muitos líderes perdem o sorriso com o tempo. Aos poucos, no dia a dia, o líder que era motivado, pra cima, sorridente, torna-se uma pessoa com semblante carregado, capaz de desmotivar o melhor dos times.

Poderíamos dizer que esta análise é um tanto precipitada, já que o governo do Papa Francisco está apenas no início. Mas ponderamos que não. O sorriso do Santo Padre não é apenas o reflexo de uma espiritualidade madura e equilibrada que Jorge Mario Bergoglio carrega consigo. É mais. É uma decisão.

Mesmo em meio a tantos desafios pastorais, gerenciais e políticos, Francisco sabe que é um servo líder e tem profunda consciência de que seus atos comunicativos podem motivar ou desmotivar seu rebanho e o restante da sociedade.

O nosso mundo carece não apenas de exemplos, de referências, mas também de pessoas que saibam transmitir com docilidade palavras de paz, de esperança, de ânimo. O exemplo de Francisco tem motivado muitos a serem mais simples, mais leves e mais sorridentes.

Já é possível perceber um mundo melhor com o sorriso de Francisco. E este mundo será cada vez melhor se todos nós, incluindo os nossos líderes, tomarmos como estado permanente de vida a Palavra que está em Filipenses 4-4: "Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!". Sorria!

Everton Barbosa

sábado, 21 de setembro de 2013

Desapego: o desapego faz as pessoas serem ricas diante de Deus

Não é fácil enfrentar um tempo marcado por propostas estimulantes de consumismo e com requinte de esbanjamento. A questão é tão grave que chega até a provocar desequilíbrio social, complicando a vida de muitas pessoas em condições financeiras desconfortáveis. Há uma insaciável febre de compras, induzida pela força e pertinência da mídia.
 

Seria saudável se todas as pessoas tivessem o necessário para o próprio consumo, mas com capacidade também para certas renúncias, concretizando uma vida de desapego e capacidade de partilha fraterna. Apego exagerado a determinadas riquezas pode denotar sintoma de injustiça, de incapacidade para viver em comunidade e de enxergar o vazio na vida de muitos outros.
Não encarar o desapego de forma concreta pode levar o rico a ficar cada vez mais rico e o pobre cada vez mais pobre. Com isto aumenta o fosso existente entre uma classe social e outra, ocasionando uma sociedade que experimenta “na pele” o mundo da violência, do inconformismo e da insegurança. Com isto, sofrem os ricos e os pobres e toda a sociedade com eles.
Existem administradores desonestos e inescrupulosos, agindo de forma escandalosa e injusta com todos. É uma esperteza que clama aos céus, provocando a ameaça e o confronto da justiça. Sabemos que, quem pratica o mal, mais cedo ou mais tarde, poderá sofrer as consequências. A injustiça, em muitos casos, é percebida por quem de direito que, às vezes, toma providências.
É importante agir com inteligência diante dos bens que o mundo coloca à nossa disposição. São repugnantes as fraudes que se cometem na administração pública e nos atos privados, deixando transparecer apego a realidades que pertencem a outros. Diz o Mestre Jesus que os filhos das trevas são muito espertos.
O desapego faz as pessoas serem ricas diante de Deus, porque a vida do mundo passa e tudo fica por aí. A grande riqueza é a vida em todas as suas dimensões, na integridade e gratuidade diante da natureza e do Criador. A riqueza pode criar vazio, porque ela é passageira.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

22 setembro 2013 – 25º Domingo do Tempo Comum


“Vocês não podem estar a serviço de Deus e do dinheiro”

Evangelho:
 (Lc 16, 1-13)
Jesus disse aos discípulos: “Havia um homem rico que tinha um administrador. Este tinha sido acusado de dissipar-lhe os bens. Ele chamou o administrador e disse-lhe: ‘O que é que ouço dizer de ti? Presta contas porque já não poderás ser meu administrador’. O administrador pensou: ‘O que vou fazer, pois o patrão me tira a administração? Trabalhar na terra... não tenho forças; mendigar... tenho vergonha. Mas já sei o que vou fazer para que, depois de afastado da administração, alguém me receba em sua casa’. Convocou cada um dos devedores do patrão. Perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ A resposta foi: ‘Cem barris de azeite’. Disse-lhe ele: ‘Toma a conta, senta-te imediatamente e escreve cinqüenta’. Depois perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ A resposta foi: ‘Cem sacos de trigo’. Disse-lhe ele: ‘Toma a conta e escreve oitenta’. O patrão louvou o administrador desonesto por ter agido com esperteza, pois os filhos deste mundo são mais vivos no trato com sua gente do que os filhos da luz. E eu vos digo: Fazei-vos amigos com as riquezas injustas, para que, no dia em que estas faltarem, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel no pouco também o é no muito, e quem no pouco é infiel também o é no muito. (...) Nenhum servo pode servir a dois senhores, pois ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e abandonará o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas”.
COMENTÁRIO
Jesus nos fala de um administrador infiel. Um homem, aparentemente, sem escrúpulos e trapaceiro. Este exemplo não é fácil de ser compreendido e, se levado ao pé da letra, chega a confundir-nos. Jesus que sempre pregou retidão e honestidade, de repente enaltece a ação, no mínimo, duvidosa desse administrador. Como pode Jesus elogiar o comportamento desse homem?
Como pode um homem incorreto servir de modelo para os seguidores de Jesus? Vamos juntos refletir este evangelho e depois, com bastante calma, vamos tentar entender os motivos que levaram Jesus a usar esse homem como exemplo.
Esta parábola é uma séria advertência de como devem ser usados os bens materiais. Não é fácil entendermos este exemplo, pois vivemos numa época totalmente diferente. Vamos nos transportar para tentar compreender a atitude desse administrador conforme os costumes daquela época.
É importante salientar que o administrador foi despedido por esbanjar os bens de seu patrão. Sem emprego, como seria sua vida daí pra frente? Precisava melhorar sua imagem urgentemente, pois, caso contrário, todas as portas se fechariam para ele. Jamais conseguiria outro emprego naquela pequena cidade.
Na época, eram muitas e diversas as atividades do administrador. Ele não era responsável somente pelos serviços da casa ou fazenda. Tinha que cuidar dos animais, dos outros empregados e ainda vender a produção. Tinha também o direito de conceder empréstimos utilizando os bens de seu patrão.
Dos produtos vendidos ou dos bens emprestados, o administrador devia entregar uma determinada quantia ao seu patrão. O valor cobrado a mais era dele, por isso, a explicação mais provável é a de que o administrador tivesse renunciado à parte que lhe cabia na venda dos produtos.
Ao baixar os valores das dívidas, o administrador estava mantendo a parte que cabia ao patrão e abrindo mão do excedente, que era o seu próprio lucro. Com essa atitude simpática, fazia amigos e preparava caminho para seu bem estar futuro e, até mesmo, para um provável emprego. 
Jesus disse que o patrão elogiou a esperteza desse seu empregado, o que significa que ele (o patrão) não se sentiu lesado. Jesus também elogia a atitude do administrador; não por esbanjar os bens do patrão, mas sim, por sua renúncia ao dinheiro, para fazer amigos. É importante lembrar que esse dinheiro era seu, apesar de ser fruto de juros altíssimos.
Nesta parábola Jesus compara os bens materiais aos bens eternos. Diz que grandes coisas estão reservadas para quem administrar bem as pequenas coisas que Deus nos confiou no dia-a-dia. Essas pequenas coisas não nos pertencem, somos meros administradores. Por isso, vamos aplicá-las muito bem porque no final teremos que devolvê-las ao seu Verdadeiro Dono.
Viemos ao mundo sem nada e nada levaremos conosco. Precisamos agir com esperteza, abrir mão da ganância, do lucro exagerado e distribuir. Com esse gesto simpático vamos melhorar o mundo e preparar o nosso futuro.
É impossível servir a Deus e ao mundo. O mundo exige o domínio, as conquistas e a grandeza. Deus pede o desapego, a humildade e o amor. Estamos em uma encruzilhada; ou nos posicionamos com o pensamento do mundo ou atendemos ao pedido de Deus.
Somos livres. Jesus nos deixa estas opções para decidir a quem queremos servir: alternativa (A) = a Deus, ou alternativa (B) = ao dinheiro. No entanto, Jesus faz questão de ressaltar que não existe a alternativa (C), pois é impossível servir a Deus e ao dinheiro.  

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

15 setembro 2013 – 24º Domingo do Tempo Comum


“Há no céu mais alegria por um pecador que se converte...”

Evangelho:
 (Lc 15, 1-32)
Os fariseus e escribas diziam: “Este homem acolhe os pecadores e come com eles”. Então Jesus lhes contou a seguinte parábola: “Quem de vós, se tiver cem ovelhas e perder uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai em busca da ovelha perdida até encontrá-la?  E quando a encontra, com alegria a põe nos ombros, volta para casa e chama os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo porque encontrei a ovelha perdida’. Eu vos digo que também no céu haverá mais alegria por um pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão. (...) E acrescentou: “Um homem tinha dois filhos. O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. O filho mais jovem juntou tudo e partiu para uma terra distante. Lá dissipou todos seus bens numa vida desregada. Depois de gastar tudo e passar fome, voltou arrependido (...) O pai o acolheu com muito amor e grande festa (...) disse ao filho mais velho: “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso fazer festa e alegrar-se, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida; tinha-se perdido e foi encontrado”.
COMENTÁRIO
Estamos no mês da Bíblia, por isso vamos iniciar nosso encontro com esta oração: Meu Senhor e meu pai! Envia teu Santo espírito para que eu compreenda e acolha a tua Santa Palavra! Que eu te conheça e te faça conhecer / te ame e te faça amar / te sirva e te faça servir / te louve e te faça louvar por todas as criaturas. Faze, ó Pai, que pela leitura da Palavra os pecadores se convertam, os justos perseverem na graça e que todos nós possamos conseguir a vida eterna. Amém!
O Evangelho de hoje nos fala do grande amor de Deus por cada um de seus filhos, fala de sua preocupação por cada um de nós e, acima de tudo, fala de perdão.
Mais uma vez Jesus é criticado pelos escribas e fariseus porque acolhia cobradores de impostos e pecadores. Na verdade, Jesus não só os acolhia como também tomava suas refeições com eles. Esse comportamento de Jesus não é aceito por aqueles que se autodenominam puros e eleitos de Deus.
Diante de tantas críticas, Jesus tenta mostrar, através de parábolas, como Deus é misericordioso e como se preocupa com a salvação de seus filhos. Ao mostrar a bondade do Pai, Jesus estava também explicando o porquê da misericórdia, da bondade e do amor para com os pecadores.
Jesus usa três parábolas para demonstrar o grande amor de Deus. Começa falando da ovelha desgarrada, depois da alegria da mulher ao reencontrar sua moedinha perdida e finaliza com o emocionante relato de um pai que ama de verdade.
Jesus afirma que há mais alegria em salvar um só, do que ter noventa e nove que não se consideram necessitados da salvação. Uma única ovelha desgarrada do rebanho merece toda atenção, pois ela corre sérios riscos.
Longe do pastor ela está insegura. Afastada do rebanho será presa fácil dos predadores. Os "lobos" e "chacais", do dia-a-dia arrastam a ovelha perdida para o caminho da morte e da perdição. Somente o Bom Pastor poderá reconduzi-las, com segurança, ao aprisco do Senhor.
Com esse exemplo, Jesus mostra nossa fragilidade e os perigos que nos rondam quando caminhamos sozinhos. É preciso humildade para se deixar conduzir. Quem não se deixar levar pelos caminhos do amor, do perdão e da preservação da vida, nunca encontrará verdes pastagens e águas cristalinas.
Com a parábola da moeda que foi reencontrada, Jesus ressalta que é preciso valorizar também as pequenas coisas. Lembra-nos que por menor e menos valiosa que possa parecer uma moeda, ela sempre será uma moeda e terá seu devido valor. Quantas vezes ela é o complemento que falta para a passagem do ônibus. Milhares não comem pão, por falta de uma moedinha.
Finalmente Jesus fala do filho arrependido. Nos três casos, Jesus nos dá uma clara demonstração do enorme amor de Deus por cada uma de suas ovelhas, do quanto Ele valoriza sua pequena moeda e a cada um de seus filhos afastados.
Somos ovelhas, moedas e filhos ingratos, mas acima de tudo, é preciso lembrar que somos Igreja. Por isso, vamos nos aproximar do Pai e sair a campo a procura das ovelhas, das moedinhas e dos milhares de filhos que ainda desconhecem o amor e o perdão.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

As Pessoas têm Necessidade do Belo


Essa carta é um presente pra nós, mas é também um apelo da igreja para que cada um de nós, artistas, não cessemos de “produzir” esta beleza que o mundo tanto necessita.
De fato, a arte – no caso, a música – exerce uma influência enorme em nós. A música em geral tem essa força, independente de seu estilo. Quem já não chorou com uma canção ou ouvindo uma música se transportou a um outro lugar? Tive a oportunidade de estudar musicoterapia em 1998 e pude experimentar, trabalhando durante um ano na Apae com excepcionais, como a música pode ajudar jovens com alguma deficiência.
Em outra oportunidade, trabalhei com a Pastoral da Saúde no maior pronto socorro de Belo Horizonte. Sabem o que eu fazia lá? Tocava violão e cantava com os enfermos. O lugar mais difícil do hospital pra mim era o 9º andar, pois lá estavam os que sofreram queimaduras. Mas era lá que eu sempre queria ir, pois mais aprendi com eles do que tudo. Algumas pessoas não conseguiam falar quando eu cantava, mas era possível ver nos olhos a paz e a alegria da visita e da música. Cantei sertanejo com uns, pop rock com jovens e cantigas com as crianças, mas o mais importante eram eles se expressando através da música, algo que ajudava em sua recuperação.
Conta uma história que dois irmãos músicos, um que tocava na igreja e outro na orquestra, combinaram de se verem tocando. O da ópera foi à igreja e o som estava ruim, os violões desafinados, a música mal executada etc. No outro dia, o da igreja foi ao concerto da orquestra que começou pontualmente, o som estava impecável e tudo no seu devido lugar. Conversando depois, o irmão da orquestra disse: nós aqui apresentamos uma mentira como se fosse verdade e você na igreja apresenta uma verdade como se fosse mentira.
Será que tenho feito de minha arte uma verdade para as pessoas? Como o Papa disse, o mundo tem necessidade do “Belo” e infelizmente muitos jovens se encantam com tantas músicas sem sentido, ou pior, com sentido destruidor. E digo mais, será que tenho feito de minha vida uma bela arte para as pessoas?
Escute, jovem: somos inteligentes e podemos crescer com belas canções que nos levam ao encontro com o sagrado, sejam essas canções cristãs ou não. Cabe a mim e a você usar o discernimento pra saber se aquela canção me ajuda ou me atrapalha, se me constrói ou me destrói, se me eleva ou me rebaixa.
Cresçamos e nos elevemos com a beleza da música e experimentemos o quanto ela pode nos ajudar a sermos pessoas melhores.
Léo Rabello 
Fundador da Banda Dominus

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Homilia do 23º. Domingo do Tempo Comum – Ano C

O livro da Sabedoria nos fala sobre os limites da razão. O mundo moderno chegou a considerar a razão como a tábua de salvação, depositou suas esperanças na ciência, na tecnologia. Hoje vemos com mais facilidade os limites da razão humana, as consequências negativas do mau uso da ciência, como os efeitos provocados na natureza pelo avanço tecnológico. De fato, o que é a ciência humana diante da imensidão do universo e de seu mistério? Se não olharmos a vida com profundidade, ficaremos com as aparências. A Palavra de Deus nos convida a alcançarmos a sabedoria divina que, por sua vez, pergunta sobre o porquê das coisas e revela-nos o sentido da existência. O verdadeiro sentido da vida depende de um olhar de fé, que manifesta o divino no meio do humano, a fé no cotidiano.
Como se manifesta a sabedoria divina? São Paulo nos diz que Deus tornou louca a sabedoria do mundo: “pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1Cor 1,25). Esta loucura se traduz na contradição, no paradoxo. Enquanto o conhecimento humano muitas vezes é regido pelo poder dominador, a sabedoria divina se revela na fraqueza. A segunda leitura nos dá um bom exemplo, quando São Paulo pede a Filemôn que Onésimo não seja tratado como escravo, mas como irmão. Que sabedoria é esta que transforma um escravo em um irmão? Somente a vida nova experimentada em Cristo, pelo Espírito, pode proporcionar algo tão sublime.
 No Evangelho, Jesus es caminhando para Jerusalém. Ele sabia muito bem o que aconteceria lá: sabia que o seu destino derradeiro se aproximava. Jesus via uma grande multidão vindo atrás dele e se perguntava: “Será que esse povo sabe o que é me seguir?” Jesus não se importava com as pesquisas de opinião pública. Por isso, manifestou a essência do discipulado, destruindo as falsas seguranças: “Quem não carrega a sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo”.
Aceitar a proposta de Jesus não é tarefa fácil. Sem um coração cheio de fé e amor, pela graça divina (pela sabedoria) dificilmente aceitaremos a cruz. E aqui Jesus não fala das dores do dia a dia (como as doenças, perdas, tristezas...), mas se refere ao que deixamos de lado por amor. Renunciar, no Evangelho, significa alcançar a liberdade, pois as coisas e até as pessoas nos escravizam e nos impedem de optarmos pelos valores do Reino de Deus. Seguir Jesus exige radicalidade e radicalidade é doar-se, é gastar a vida, é ser capaz de fazer da própria vida um dom.
O Evangelho nos fala da renúncia da própria família. Algumas traduções falam de “odiar”, “deixar de lado”. A expressão “odiar” neste contexto significa deixar em segundo lugar. Ou seja, Deus não quer o ódio, Ele deseja que amemos os nossos familiares, mas quer igualmente que Deus venha em primeiro lugar. Nada deve constituir uma barreira para o Reino. Para muitos que se esqueceram de amar a própria família, carregar a cruz significará retomar a proximidade e o cuidado dela.
Jesus nos pede a renúncia da vida. Os cristãos primitivos que escutavam este evangelho logo pensavam no martírio de sangue. Nos tempos apostólicos, os testemunhos heróicos em nome da fé eram comuns. Hoje a perseguição diminuiu, e diminuiu também nosso comprometimento. Corre-se o risco de um cristianismo sem cruz. Hoje muitos procuram a Igreja somente para encontrar cura física e bem estar psíquico... Muitos dos que procuram nossas comunidades não desejam compromisso e participação. Há muitos não evangelizados que desejam uma benção, uma novena, um sacramento, uma fezinha esporádica. Mesmo os mais assíduos são tentados a fazer da vida de fé algo do qual se possa colocar em segundo plano, sem que afete as decisões mais profundas da vida. Onde se encontra a radicalidade do discipulado?
Jesus nos convida a gastar a nossa vida, até o extremo. Gastar aqui é um investimento de felicidade. Gastar a vida pela família (aqui o amor à família é necessário), doar a vida pela comunidade, pela sociedade... Gastar a vida para fazer acontecer a vida. Abraçar a cruz é ter a coragem de se opor ao mundo da arrogância, da violência, dos vícios, dos prazeres sem sentido, da injustiça, do orgulho, da competição, do acúmulo dos bens. Enfim, renunciar tudo que desvia a vida do seu verdadeiro sentido. É preciso sentar, meditar, calcular os gastos e os ganhos como um general prudente ou como um arquiteto que planeja uma construção. Tal atitude nos fará enxergar mais longe e com mais profundidade o que a vida verdadeiramente significa.

Pe. Roberto Nentwig



















quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Na Audiência Geral, Papa Francisco renova convite ao dia de jejum e oração pela Síria. E fala da saudade do Brasil

Em sua primeira Audiência Geral depois de mais de dois meses de recesso, o Papa Francisco dedicou sua catequese desta quarta-feira, 04 de setembro, à viagem que fez ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. “Considero importante falar deste evento para entender melhor o seu significado”, disse o Santo Padre. Antes de tudo, o Pontífice agradeceu a Deus o “presente” de poder voltar ao continente americano e a Nossa Senhora Aparecida, “importante para a história da Igreja no Brasil e na América Latina”, por tê-lo acompanhado durante toda a viagem.
Mais uma vez, agradeceu aos organizadores e às autoridades civis e eclesiásticas e a todos os brasileiros pela acolhida. “Brava gente esses brasileiros”, disse, afirmando ser o acolhimento a primeira palavra que emerge da viagem ao Brasil. Para Francisco, a generosidade das famílias e das paróquias brasileiras que acolheram fraternalmente os peregrinos, superando as dificuldades e inconvenientes, criou uma verdadeira rede de amizade.
O Santo Padre destacou o clima de festa da Jornada. “Ver jovens do mundo inteiro, saudando-se e abraçando-se é um testemunho para todos. Contudo, a JMJ é acima de tudo uma festa da fé: todos unidos para louvar e adorar o Senhor”. E falou também do aspecto missionário do evento. “O mandato de Cristo aos seus discípulos foi acompanhado da certeza de que estaria com eles todos os dias. Isso é fundamental - disse o Papa - pois somente com Ele nós podemos levar o Evangelho, sem Cristo nada podemos fazer. Com Ele, ao invés, podemos fazer tantas coisas. Mesmo um jovem, que aos olhos do mundo conta pouco ou nada, aos olhos de Deus é um apóstolo do Reino, é uma esperança para Deus!”
Francisco, então, se dirigiu diretamente à juventude: “Saiam de vocês mesmos, de todo fechamento para levar a luz e o amor do Evangelho a todos, até as extremas periferias da existência! Este foi precisamente o mandato de Jesus que confiei aos jovens que lotavam a perder de vista a praia de Copacabana. Um lugar simbólico, a margem do oceano, que lembrava a margem do lago da Galileia.”
“Os jovens que estavam no Rio, prosseguiu o Pontífice, não são notícia porque não fazem escândalos e atos violentos. Mas se permanecerem unidos a Jesus, eles constroem o seu Reino, constroem fraternidade e são uma força potente para tornar o mundo mais justo e mais belo para transformá-lo” Francisco pediu coragem à juventude mundial para assumir o desafio de ser esta força de amor e de misericórdia para mudar a realidade. E concluiu: “Acolhimento, festa, missão: que essas não sejam mera lembrança do que aconteceu no Rio, mas sejam ânimo da nossa vida e a de nossas comunidades.”
Oração
Na saudação aos peregrinos, disse em língua portuguesa aos brasileiros que está com saudade de sua visita a Aparecida e ao Rio. Francisco também recordou que sábado próximo será dedicado ao jejum e à oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro.
“Renovo o convite a toda a Igreja e viver intensamente este dia e, desde já, expresso reconhecimento aos outros irmãos cristãos, irmãos de outras religiões e aos homens e mulheres de boa vontade que quiserem se unir a este momento. Exorto em especial os fiéis romanos e os peregrinos a participarem da vigília de oração, aqui na Praça S. Pedro, às 19h, para invocar do Senhor o grande dom da paz. Que se eleve forte em toda a terra o grito da paz!”
QUA, 04 DE SETEMBRO DE 2013 09:17POR: CNBB / RÁDIO VATICANO