Do lado de quem recebe críticas, as reações também são sempre subjetivas. Há momentos em que são até bem-vindas - a pessoa está mais aberta e as aproveita para se reformular. Em outros, a crítica provoca vergonha, raiva, irritação e depressão.
Há pessoas que reagem a ela com o sentimento de "deixa pra lá"; outras, porém, se arrasam. Se o criticado é forte, consciente de seu próprio valor, saberá receber a crítica naturalmente, sem grandes sofrimentos. Pode até se contrariar e rebater, mas não se sentirá derrubado nem agredido. Porém, se a pessoa estiver atravessando uma fase difícil de sua vida ou for alguém inseguro e complexado, a crítica é péssima e vai de fato machucar.
Qualquer ser humano tem o direito de emitir suas opiniões diante de um comportamento, de uma atitude ou de uma realização do outro. Entretanto, ninguém pode arrasar algo só porque não gostou ou destruir outro ser humano só pelo prazer de ver a sua ruína. Nesse sentido, é necessário separar bem as duas formas de crítica: a construtiva, feita por amor, com carinho e interesse pelo outro; e a destrutiva, feita com ódio ou rancor, para agredir, derrubar e humilhar.
Há críticas maravilhosas, belíssimas. Elas nem seriam críticas, mas verdades ditas em momentos de encontro, de orientação, de ajuda, de troca. Quem critica bem, critica a sós. Chama o outro e diz: "Olha, assim não tá legal. Você tem capacidade de fazer diferente, de fazer melhor. Que tal tentar de novo; fazer outra vez?" Quem critica positivamente, critica mansamente, pensando em acertar, em elevar o outro.
O problema é que existem sempre os críticos que opinam com o dedo em riste, que só sabem ver o lado ruim do outro e têm sempre uma palavra azeda, venenosa, na ponta da língua. Esses críticos ferrenhos e constantes são, em geral, pessoas negativas, agressivas, complexadas. Elas não criticam por amor, mas com arrogância, maldade, vingança e inveja. E, provavelmente, se ocupam muito da vida alheia, porque a delas é um eterno vazio.
Um exame de consciência sobre o assunto não faz mal a ninguém. Por que não procurar as coisas boas que existem? Por que não ver o lado positivo das pessoas? Não seria mais fácil e gratificante viver dessa forma? Se existem várias formas de criticar, por que não escolher as melhores?
Uma mãe, por exemplo, pode chegar para o filho e dizer: "Você é um inútil, um incompetente, um irresponsável. Não presta para nada". Provavelmente tais palavras não contribuirão para sua mudança de comportamento. Por que diante da mesma situação, a mãe não opta pelo lado da compreensão e do diálogo? Elogiar o filho, exaltar sua inteligência e bondade, e só depois apontar o erro, convidando-o a refletir: "Por que você fez isso? Será que não existe outra forma de agir?" Quem faz uma crítica assim, construtiva, não está pensando em si mesmo, mas no outro, no bem comum e, certamente, essa é a grande diferença.
A aceitação de uma crítica depende de como ela é feita, da pessoa que a faz, do momento e do motivo pelo qual é colocada. Mesmo assim, sempre se pode aprender alguma coisa com ela. A observação do outro, mesmo que maldoso, pode servir de alerta sobre nossos defeitos ou, no mínimo, como um ensinamento sobre a inveja e a maldade humanas.
Quem tem segurança e maturidade sempre analisará a crítica recebida e considerará se há nela algum dado importante para o seu autoconhecimento ou para o conhecimento das pessoas que o cercam. O duro é que, na maioria das vezes, as críticas são feitas com a intenção de arrasar e, quando elas nos pegam num mau momento, fica difícil superar.
O jeito, então, é esfriar a cabeça e deixar para pensar nelas depois que toda exaltação foi superada. Vale lembrar que saber aceitar ou fazer crítica é uma arte que precisa ser cultivada por todos nós.
Por: Maria Helena Brito Izzo Psicóloga e terapeuta familiar. Fonte: Revista Família Cristã |
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