sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sexta-feira Santa - parte II

A Celebração

Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimônia. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados.

Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testeunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.

Ação litúrgica na Morte do Senhor

1. A ENTRADA

A impressionante celebração litúrgica da Sexta-feira começa com um rito de entrada diferente de outros dias: os ministros entram em silëncio, sem canto, vestidos de cor vermelha, a cor do sangue, do martírio, se prostram no chão, enquanto a comunidade se ajoelha, e depois de um espaço de silêncio, reza a oração do dia.

2. Celebração da Palavra

Primeira Leitura 
Espetacular realismo nesta profecia feita 800 anos antes de Cristo, chamada por muitos o 5º Evangelho. Que nos introduz a alma sofredora de Cristo, durante toda sua vida e agora na hora real de sua morte. Disponhamo-nos a vivê-la com Ele.

Leitura do Profeta Isaías 52, 13 ; 53

Eis que meu Servo há de prosperar, ele se elevará, será exaltado, será posto nas alturas. 
Exatamente como multidões ficaram pasmadas à vista dele - tão desfigurado estava seu aspecto e a sua forma não parecia a de um homem - assim agora nações numerosas ficarão estupefactas a seu respeito,reis permanecerão silenciosos, ao verem coisas que não lhes haviam sido contadas e ao tomarem consciência de coisas que não tinham ouvido.

Quem creu naquilo que ouvimos, e a quem se revelou o braço do Senhor? Ele cresceu diante dele como um renovo, como raiz que brota de uma terra seca; não tinha beleza nem esplendor que pudesse atrair o nosso olhar, nem formosura capaz de nos deleitar.

Era desprezado e abandonado pelos homens, um homem sujeito à dor, familiarizado com a enfermidade, como uma pessoa de quem todos escondem o rosto; desprezado, não fazíamos nenhum caso dele.
E no entanto, era as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores que ele carregava. 
Mas nós o tinhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado.

Mas ele foi trespassado por causa de nossas transgressões, esmagado em virtude de nossas iniqüidades.

O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados.

Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. 

Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como cordeiro conduzido ao matadouro; como uma ovelha que permanece muda na presença de seus tosquiadores ele não abriu a boca.

Após a detenção e julgamento, foi preso. Dentre os seus contemporâneos, quem se preocupou com o fato de ter ele sido cortado da terra dos vivos, de ter sido ferido pela transgressão do seu povo?

Deram sepultura com os ímpios, o seu túmulo está com os ricos, se bem que não tivesse praticado violência nem tivesse havido engano em sua boca.

Mas o Senhor quis feri-lo, submetê-lo à enfermidade. Mas, se ele oferece a sua vida como sacrifício pelo pecado, certamente verá uma descendência, prolongará os seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus há de triunfar.
Após o trabalho fatigante de sua alma ele verá a luz e se fartará. Pelo seu conhecimento, o justo, meu Servo, justificará a muitos e levará sbre si as suas transgressões.
Eis porque lhe darei um quinhão entre as multidões; com os fortes repartirá os despojos, visto que entregou sua alma à morte e foi contado com os transgressores, mas na verdade levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores fez intercessão.

Palavra do Senhor

Salmo responsorial

Neste Salmo, recitado por Jesus na cruz, entrecruzam-se a confiança, a dor, a solidão e a súplica: com o Homem das dores, façamos nossa oração.

Sl 30, 2 e 6. 12-13. 15-16. 17 e 25.
Senhor, em tuas mãos eu entrego meu espírito.

Senhor, eu me abrigo em ti: que eu nunca fique envergonhado; Salva-me por sua justiça. Leberta-me . em tuas mãos eu entrego meu espírito, é tu quem me resgatas, Senhor.

Pelos opressores todos que tenho já me tornei um escândalo; para meus vizinhos, um asco, e terror para meus amigos. Os que me vêem na rua fogem para longe de mim; fui esquecido, como um morto aos corações, estou como um objeto perdido.

Quanto a mim, Senhor, confio em ti, e digo: " tú és o meu Deus!". Meus tempos etão em tua mão: liberta-me da mão dos meus inimigos e perseguidores. Faze brilhar tua face sobre o teu servo, salva-me por teu amor. Sede firmes, fortalecei vosso coração, vós todos que esperais no Senhor.

Segunda leitura 
O Sacerdote é o que une Deus ao homem e os homens a Deus… Por isso Cristo é o perfeito Sacerdote: Deus e Homem. O Único e Sumo e Eterno Sacerdote. Do qual o Sacerdócio: o Papa, os Bispos, os sacerdotes e dos Diáconos unidos a Ele, são ministros, servidores, ajudantes…

Leitura da Carta aos Hebreus 4,14-16; 5,7-9.

Temos, portanto, um sumo sacerdote eminente, que atravessou os céus: Jesus, o Filho de Deus. Permaneçamos, por isso, firmes na profissão de fé. Com efeito, não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, então, com segurança do trono da graça para conseguirmos misericórdia e alcançarmos graça, como ajuda oportuna. 

É ele que, nos dias de sua vida terrestre, apresentou pedidos e súplicas, com veemente clamor e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte; e foi atendido por causa da sua submissão. Embora fosse Filho, aprendeu, contudo, a obediência pelo sofrimento; e, levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedeceram princípio da salvação eterna.

Palavra do Senhor.

Versículo antes o Evangelho (Fl 2, 8-9)

Cristo, por nós, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso Deus o sobreexaltou grandemente e o agraciou com o Nome que é acima de todo nome.

Como sempre, a celebração da Palavra, depois da homilia conclui-se com uma ORAÇÃO UNIVERSAL, que hoje tem mais sentido do que nunca: precisamente porque comtemplamos a Cristo entregue na cruz como Redentor da humanidade, pedimos a Deus a salvação de todos, crentes e não crentes.

3. Adoração da Cruz

Depois das palavras passamos a um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz é apresentada solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação: 

"Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do mundo. Ó VINDE ADOREMOS", e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com um genuflexão (ou inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da cruz ); enquanto cantamos os louvores ao Cristo na Cruz :

4. A comunhão

Desde de 1955, quando Pio XII decidiu, na reforma que fez na Semana Santa, não somente o sacerdote - como até então - mas também os fiéis podem comungar com o Corpo de Cristo.

Ainda que hoje não haja propriamente Eucaristia, mas comungando do Pão consagrado na celebração de ontem, Quinta-feira Santa, expressamos nossa participação na morte salvadora de Cristo, recebendo seu "Corpo entregue por nós".

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