domingo, 29 de abril de 2012

A Beleza e a Dignidade na Liturgia Eucarística - parte I


Nota do editor: Esta imagem, que expressa de forma fantástica a beleza e a dignidade da Sagrada Liturgia, é do Santo Sacrifício celebrado pelo Santo Padre Bento XVI, na Capela Sistina, no dia 11 de Janeiro de 2009 (Solenidade do Batismo de Nosso Senhor Jesus Cristo), na tradicional disposição “Versus Deum” (“Voltado para Deus”, isto é, com sacerdote e povo voltados na mesma direção) – foto extraída de http://www.newliturgicalmovement.org/2009_01_01_archive.html

“Senhor, amo a beleza de vossa casa, e o tabernáculo onde reside a vossa glória” (Sl 25,8)
A Igreja está fundamentada sobre o ‘Tríduo Sacro’, sobre a total entrega de Jesus aos seus. Destes dias de grande tensão, emana todo o mistério eclesial e se consuma a obra da salvação humana, planejada por Deus desde o início dos tempos. Dividido em diversos ‘acontecimentos’, que são intimamente interligados, esse tríduo é também a síntese do amor divino. Deus é amor, e por esse grande amor pelo gênero humano Ele aceitou se entregar por nós.
Na quinta-feira, antes de Seus braços abertos traçarem entre o céu e a terra o sinal da nova aliança, sabendo que iria reconciliar todas as coisas pelo sangue a ser derramado na Cruz (Cf. Missal Romano, Oração Eucarística VII -Sobre a reconciliação I), Cristo tomou pão e vinho, e instituiu o sacrifício do seu corpo e sangue. Em seguida, ordenou que os apóstolos o perpetuassem até que Ele voltasse. Desse mesmo modo, Jesus cumpria a promessa que havia feito: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28, 20).
Mais tarde, naquela mesma noite, Ele foi entregue aos seus algozes. Sexta-feira, na Cruz, enquanto se entregava como vítima imaculada, Jesus reordenou todas as coisas, efetuando realmente o sacrifício que na noite anterior estabelecera. Pela sua morte na cruz, criatura e Criador foram reconciliados. Num gesto de humilhação, o Rei do universo deixar-se morrer, o Verbo encarnado realiza a salvação dos homens. A cruz é o coração da fé católica, e “pelo poder radiante da Cruz, vemos com clareza o julgamento do mundo e a vitória de Jesus crucificado” (Missal Romano, Prefácio da Paixão do Senhor, I).
Somente a noite sabe a hora em que Cristo ressurgiu dos mortos, no Domingo. Os apóstolos, de certa forma desiludidos com o aparente fracasso de seu mestre, estavam recolhidos, com medo dos judeus e dos romanos. Cristo, entretanto, venceu a morte. Ressuscitou ao terceiro dia, como havia dito. A ressurreição é a ‘coroa’ da missão de Jesus, e por ela o Pai abraça Jesus novamente, acolhendo-o na glória celeste. Pela ressurreição, os homens são renovados na esperança, porque a glória celeste é prometida também à raça de Adão. Sem a glorificação de Cristo, todo o seu tempo teria sido, de certa forma, perdido. Entretanto, triunfou sobre a morte e venceu o mal, trazendo a alegria aos seus apóstolos.
“Ó Deus, quão estupenda caridade,/ Vemos no vosso gesto fulgurar:/ Não hesitais em dar o próprio filho,/ Para a culpa dos servos resgatar” (Missal Romano, Precônio Pascal).
De toda a obra sacerdotal de Cristo, resulta o mais precioso tesouro da Igreja: A Sagrada Eucaristia. “A Eucaristia constitui, de fato, o ‘tesouro’ da Igreja, a preciosa herança que seu Senhor lhe deixou” (Sua Santidade, Bento XVI – intervenção no Ângelus de 19/06/2006). O dom do Corpo e Sangue do Senhor é um dom inestimável, porque “neste sacramento, se condensa todo o mistério da nossa salvação” (Santo Tomás de Aquino – Summa Teologiae, III, q. 83, a. 4c).
Na Eucaristia, os fiéis são inseridos, misteriosamente, nas realidades celestes. Realiza-se nela, realmente, a ligação entre céu e terra, entre a Igreja militante e a Igreja triunfante. “Para nós, o banquete eucarístico é uma antecipação real do banquete final, preanunciado pelos profetas (Is 25, 6-9) e descrito no Novo Testamento como ‘as núpcias do Cordeiro’ (Ap 19, 7-9) que se hão de celebrar na comunhão dos santos” (Sua Santidade, Bento XVI – Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis, 31). Essa antecipação sacramental das realidades vindouras serve como alívio dos tormentos da terra de exílio e, ao mesmo tempo, como força para a vida cotidiana. “A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço de céu que se abre sobre a terra; é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da nossa história e vem iluminar o nosso caminho” (Sua Santidade, João Paulo II – Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, 19).

Autor: Matheus Roberto Garbazza Andrade
Publicação original: Dezembro de 2008
Extraído de: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=325

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