sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A LITURGIA - SACROSSANCTUM CONCILIUM (2)


1.  Um sinal de renovação da Igreja. As novidades colocadas pelo primeiro documento do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Constituição Dogmática Sacrosanctum Concilium, sobre a Liturgia (04/12/1963), apontavam para uma profunda reforma da liturgia e sinalizavam o caminho que o Concílio percorreria em seus próximos estudos, diálogos e textos, e que a renovação da Igreja viveria dali em diante.

2. A importância renovadora da Sacrossanctum Concilium.  Na verdade, é a liturgia, que mais atinge, de modo direto e abrangente, a vida dos católicos. Reformular e renovar o culto a Deus e aos santos, a compreensão e celebração dos sacramentos e a vida de oração, mexem direto com a vida de todos na Igreja. Através de um retorno histórico-teológico às fontes dos ritos litúrgicos e de simplificá-los, o Concílio quis que os católicos todos tivessem a melhor compreensão possível da liturgia e nela tivessem participação ativa. Pode-se dizer que, face ao estilo de celebrações litúrgicas em uso desde o Concílio de Trento (1545-1563), rígido, formal, em latim e distanciado do povo, a reforma e renovação da liturgia causaram um impacto impressionante.

3. Ensino doutrinal de máxima importância. Mais que um documento de reforma programática da Liturgia, o objetivo era, em primeiro lugar, fazer um redimensionamento doutrinal e pastoral da Liturgia. O óbvio, por tantos séculos sem destaque, ocupou o primeiro lugar: no centro da liturgia está o mistério pascal (n. 5-13). Óbvio porque a missão essencial da Igreja é anunciar a salvação, trazida por Jesus Cristo a todos os homens e mulheres. Operada pela morte e a ressurreição do Cristo, essa salvação se torna atual e inserida na vida de cada ser humano e da Igreja ao longo da história pelos ritos litúrgicos, especialmente dos sacramentos e da celebração da Palavra de Deus. O Concílio definiu que a liturgia é a “fonte” e o “cume” da vida da Igreja (n. 10). E explicita algo inédito na época: na liturgia, Cristo se torna presente na liturgia de muitas maneiras: não apenas nos sacramentos, em particular sob as espécies eucarísticas, e no seu celebrante – in persona Christi –, mas também na Palavra de Deus, lida, recebida e assimilada na fé, assim como na assembleia dos fiéis que ora em seu nome (n. 7). Era uma revolução na Igreja Católica.

4. A participação dos fiéis. Da Sacrossanctum Concilium em diante os documentos do Concílio martelam de que é essencial a participação dos fiéis em tudo na vida da Igreja, até ali excessivamente clerical (n. 48). Já se anunciava, portanto, a eclesiologia de comunhão da Constituição sobre a Igreja (a Lumen Gentium). Em virtude do sacerdócio dos batizados, todos participam plenamente da ação comum que é de Cristo e da Igreja (n. 28). E, para isso, é introduzido o uso da língua da cada povo e se pede a renovação da homilia, da música sacra, do canto, dos ritos  e autoriza-se a concelebração (n. 57).

nery.israel@lasalle.org.br
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