sábado, 21 de dezembro de 2013

4º Domingo do Advento - A

"Céus, deixai cair o orvalho; nuvens, chovei o justo; abra-se a terra e brote o Salvador!" (cf. Is. 45,8).


Meus queridos amigos,

Chegamos ao último domingo do Advento. Advento que é tempo propício de vigilância. Assim, este domingo é o domingo do Emanuel, o "Deus conosco". Já cantamos na antífona da entrada: "Céus, fazei descer o orvalho e faz brotar da terra a salvação, o Salvador". (cf. Is 45,8). Jesus, gerado pelo orvalho do Espírito Santo no seio da Virgem Maria, é a realização plena do sinal da presença de Deus que o profeta Isaías anunciou ao rei Acaz, setecentos anos antes: o nascimento de um filho da jovem princesa – da "virgem", como diz a tradução grega do Antigo Testamento, como também o Evangelho. Quem assume o nascimento de Jesus como Pai de Família é o carpinteiro José, da casa de Davi: por causa dele, Jesus nasce como filho de Davi. Mas a mensagem do anjo deixa claro que Jesus é "obra do Espírito Santo"(cf. Mt 1,20). Filiação dupla de Jesus que é mencionada na segunda leitura de Romanos: humanamente falando – segundo a carne – Jesus é filho de Davi, mas quanto à ação divina – segundo o Espírito – Ele é filho de Deus, como se pode constatar sua glorificação depois de ressuscitado dentre os mortos.

Estimados irmãos,

O centro da liturgia de hoje é o encontro do humano com o divino, ou do divino com o humano, em Jesus Cristo, o nosso Redentor. O Evangelho de hoje nos conta a encarnação do Filho de Deus no seio de Maria de Nazaré, por obra e graça do Espírito Santo. Enquanto o evangelista Lucas se demora em descrever a anunciação, Mateus vai direto à gravidez misteriosa de Maria. E põe na curta leitura desse domingo o resumo de todo o seu Evangelho. Mateus aponta a finalidade de seu Evangelho: mostrar que Jesus de Nazaré é o Messias prometido, o Filho de Deus vivo, que libertará o povo dos pecados.

Refletimos hoje o sonho de Mateus. Mateus usa o gênero literário do sonho. Mateus usa de um gênero literário para transmitir um ensinamento que Maria concebeu a Jesus sem a interferência de nenhum homem, mas com a graça de Deus, por obra do Espírito Santo. Jesus, verdadeiro homem, porque nasceu de uma mulher, mas verdadeiramente Deus, porque Filho de Deus por um milagre inexplicável aos olhos humanos.

Quando Maria concebeu Jesus, por obra do Espírito Santo, ainda não estava casada com José. Era apenas noiva. Mas na Galiléia, o noivado, que podia durar um ano inteiro, tinha valor, diríamos, jurídico, e ambos se deviam absoluta fidelidade. Se uma noiva aparecesse grávida de outro homem, o noivo podia repudiá-la, isto é, não tinha mais obrigações para com ela. José, não compreendendo ainda o que se passava e não querendo expor Maria a um escândalo público e a execração do povo, pensou em abandoná-la. Deus se serviu da dúvida honesta para lhe revelar o fato maravilhoso, a verdadeira encarnação de Jesus. E Mateus, narrando a dúvida de José, acentuou que o filho que nascerá é o Filho de Deus.

Irmãos e Irmãs,

José escolheu para o filho o nome de Jesus. Jesus que é o Salvador. Jesus que "salvará o povo". Jesus que significa:"Deus é a salvação". Jesus, o Nazareno, tinha uma missão específica que era salvar ao povo de seus pecados(cf. Mt, 1,21). Jesus veio para libertar o homem do pecado, para que o homem retorne à comunhão com Deus. O nome Jesus carrega a marca forte de uma missão: JESUS SERÁ O SALVADOR DOS HOMENS.

José ao colocar o nome de Jesus em seu filho adotivo adota a criança que não nascera dele. E sendo José da família de Davi, ao adotar o menino, o inseriu na linhagem de Davi, como haviam predito o antigo testamento. Jesus, da estirpe de Davi, o Emanuel, que é o Deus Conosco.

Mas cabe uma reflexão para nos preparamos bem para o Natal do Salvador: que pecado é esse que Jesus veio arrancar de entre os homens? Todo e qualquer pecado. O pecado tem muitos nomes e quase sempre anda em bando. O pecado é a raiz e a fonte de toda a opressão, injustiça e discriminação. Jesus veio libertar-nos, mostrando com seus ensinamentos e, sobretudo, com sua vida, que é possível viver fraternalmente no amor e na unidade, na sinceridade e na benquerença, na ajuda mútua e no perdão dos pecados e das fraquezas, na pureza de coração e na sobriedade, na piedade filial e na simplicidade.

Meus irmãos,

A oração final da Santa Missa nos fala da mensagem de Deus para nós: a mensagem do anjo é a primeira manifestação da obra de Deus que vai desde a anunciação até a ressurreição. Maria aparece aqui como a jovem escolhida por Deus, qual esposa do rei. A virgindade de Maria significa sua disponibilidade para a obra de Deus nela: virgindade fecunda, prenhe de salvação. Nela brota o fruto que, em pessoa, é o sinal de que Deus está conosco.

O mistério de Jesus ter nascido sem que Maria deixasse de ser virgem significa que Jesus, em última instância, não é mera obra humana, mas antes de tudo um presente de Deus à humanidade. Seu nascimento é sinal de que Deus está conosco para nos salvar. Seu nome, Jesus, significa "Deus salva"; é o equivalente a Emanuel.

Estimados amigos,

O gesto de amor dos cristãos, perdoando e amando sempre, durante o Advento, que pede uma mudança radical de atitude rumo a santidade, nos pede que abramos nosso coração para a alegria do Santo Natal. Assim Jesus continua nascendo de Maria para nos salvar. Amém!

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