segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Desejar ir para o céu...

A solenidade de todos os Santos e Santas e a comemoração de todos os fiéis Defuntos espontaneamente elevam nosso pensamento e nosso coração para lá onde, também nós, um dia, estaremos. Trazemos em nosso íntimo, no mais profundo do nosso ser, o desejo do céu, e de sermos felizes.

A liturgia de ambas as celebrações é um convite a fixarmos demoradamente nosso coração nas “coisas do alto”, onde se encontra a verdadeira felicidade (cf. Cl 3, 2). Deus é a Felicidade. A plenitude da felicidade acontece na contemplação de Deus face a face, na conquista da vida eterna: “Esta é a vida eterna: que conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que enviaste” (Jo 17, 3).

Não basta sentir saudade de Deus, não basta ter saudade do céu. Não basta experimentar o desejo de ir para o céu. É preciso algo mais. Ao longo de nossa peregrinação de volta para a Casa do Pai, é necessário ter a coragem de usar bem a nossa liberdade. A liberdade deve ser uma conquista diária para o bem. A todo instante somos convidados a fazer o mal e solicitados a praticar o bem. 

O Maligno usa todos os meios possíveis para nos desviar do caminho da felicidade. Sua maior vitória consiste em levar as almas para longe de Deus. Se o Maligno existe, devemos combatê-lo. Não podemos ficar indiferentes diante dos artifícios do autor do pecado. Jesus passou pelo mundo libertando os possessos e curando toda sorte de enfermidade (cf. Mt 9, 35). Cabe a nós dar continuidade a essa missão. Quiçá, não estejamos entre os que não reconheceram ou não acolheram ou não aderiram a Jesus Cristo... E, sim, entre os indiferentes, covardes, medrosos, omissos, isto é, entre os que não se apercebem de que o Mal realmente existe em nós, no mundo e na Igreja.

Cristo venceu o poder do Maligno – o maior obstáculo à felicidade -, derrotou a fonte de todo mal que é o pecado.

Rezando ao Pai: “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”, também nós podemos levar uma vida livre do pecado, uma vida santa.

Assim, a festa de Todos os Santos e Santas é um convite à santidade, a sermos perfeitos como o Pai do Céu é perfeito (cf. Mt 5, 48). De nada adiantará nosso peregrinar, isto é, nossa vida não terá sentido, se nossos nomes não estiverem escritos nos céus (cf. Lc 10, 20).

Por intercessão de todos os Santos e Santas, queremos pedir ao Senhor e Autor de toda santidade que nos conserve fiéis ao Evangelho e nos dê a coragem do testemunho dos mártires, a fim de que sejamos testemunhas autênticas de Jesus Cristo.

Nos Santos e Santas, Deus mostra as imagens mais perfeitas de Jesus Cristo, a fim de que também nós, que ainda peregrinamos na fé, sejamos conduzidos a uma maior união com Cristo. “Como é santo aquele que vos chamou, tonai-vos santos, também vós, em todo o vosso proceder. Pois está na Escritura: Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pd 1,15-16).

“Ser santo” exige purificação de toda mancha da carne e do espírito (cf. 2 Cor 7,1). Significa estar revestido de Jesus Cristo.

Celebrando a santidade e recordando todos os que nos precederam no caminho do céu, o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos dê um espírito de sabedoria e nos revele o que devemos “ser” e “fazer” para alcançarmos a morada dos santos (cf. Ef 1, 17). Que Ele abra o nosso coração à sua luz, para que saibamos qual a esperança que o seu chamamento nos dá, qual a riqueza da glória que está na nossa herança com os santos e santas (cf. Ef 1,17-18). Não há outro caminho para participarmos da liberdade dos filhos e filhas de Deus. Vale a pena buscar a verdadeira Felicidade.


Dom Nelson Westrupp

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